19/08/2024

Tempo da Criação 2024

Todos os anos, de 1 de setembro a 4 de outubro, a família cristã une-se para a celebração mundial de oração e ação com vista à proteção da nossa casa comum. É uma época especial em que celebramos Deus como Criador e reconhecemos a Criação como ato divino contínuo, que nos chama como colaboradores a amar e cuidar do dom de tudo aquilo que é criado. Como seguidores e seguidoras de Cristo em todo o mundo, compartilhamos um chamamento comum pelo cuidado da Criação. Somos cocriaturas e parte de tudo o que Deus fez. O nosso bem-estar está interligado com o bem-estar da Terra.
Alegramo-nos com esta oportunidade de proteger a nossa casa comum e todos os seres que a partilham. Este ano, o tema para este tempo é «Ter esperança e agir com a Criação».
No meio da tripla crise planetária composta pelas mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a poluição, muitos estão a começar a desesperar e sofrer de ansiedade climática. Como pessoas de fé, somos chamados a fortalecer a esperança inspirada pela nossa fé, a esperança da ressurreição. Não é uma esperança sem ação, mas uma esperança encarnada em ações concretas de oração e pregação, serviço e solidariedade.
Neste ano, particularmente, também unimos as nossas vozes cristãs a uma iniciativa de mobilização conjunta para apoiar o Tratado de não proliferação de combustíveis fósseis, que exige a paralisação de novos projetos de combustíveis fósseis.

Convite dos líderes religiosos à participação no Tempo da Criação


Caras Irmãs e Irmãos em Cristo,
O Tempo da Criação é a celebração cristã anual de oração e de resposta conjunta ao clamor da Criação: a família ecuménica em todo o mundo une-se para ouvir e cuidar de nossa casa comum, o Oikos de Deus.
O período de “celebração” do Tempo da Criação começa a 1 de setembro, Festa da Criação, e termina em 4 de outubro, Festa de São Francisco de Assis, padroeiro da ecologia, amado por muitas denominações cristãs. Este ano unir-nos-emos em torno do tema «Ter esperança e agir com a Criação» e o símbolo «As primícias da esperança», inspirado em Romanos 8,19-25.
Os líderes religiosos de todo o mundo prepararam um convite especial para que possa, juntamente com a sua comunidade, participar deste Tempo. Pode visualizá-lo aqui.
Muitas pessoas também compartilharam as suas reflexões para inspirarem a nossa família ecuménica nesta jornada, à medida que pessoas cristãs de todos os lugares se preparam para testemunhar a esperança e a ação, trabalhando em conjunto com e pela Criação.
Como afirmação poderosa da importância deste período ecuménico de oração e ação pela Criação, aqui estão as palavras dos líderes religiosos da nossa família cristã, a convocar-nos para este período especial:
  • «Por muito que se tente negá-los, escondê-los, dissimulá-los ou relativizá-los, os sinais da mudança climática impõem-se-nos de forma cada vez mais evidente. Ninguém pode ignorar que, nos últimos anos, temos assistido a fenómenos extremos, a períodos frequentes de calor anormal, seca e outros gemidos da terra que são apenas algumas expressões palpáveis de uma doença silenciosa que nos afeta a todos. [...] Convido cada um a acompanhar este percurso de reconciliação com o mundo que nos alberga e a enriquecê-lo» – Sua Santidade o Papa Francisco, Bispo de Roma, Igreja Católica Romana.
  • «Foi há 35 anos que o nosso venerável antecessor, o falecido Patriarca Ecuménico Demétrios, lançou a primeira encíclica que convidava todas as pessoas de boa vontade a celebrarem o dia 1 de setembro como um dia especial de oração pela preservação do ambiente natural. [...] Hoje, em todo o planeta, numerosas igrejas cristãs e os seus fiéis reconhecem esta celebração como o Dia Mundial de Oração pela Criação ou a Festa da Criação. Este sentido de convicção ecuménica e unidade cristã é fundamental, não só porque nosso Senhor nos ordenou que "sejamos um" (João 17,21), mas também porque não podemos e não devemos esperar enfrentar as mudanças climáticas sem trabalharmos em estreita colaboração uns com os outros. Como afirmamos repetidamente, "estamos todos no mesmo barco". O cuidado da criação é um mandato e uma responsabilidade coletiva» – Sua Santidade o Patriarca Ecuménico Bartolomeu, Santa Igreja Ortodoxa.
  • «Diante da crise climática, proteger a Criação de Deus é um imperativo espiritual para os cristãos em toda a Igreja global. O Tempo da Criação inspirou-nos a unirmo-nos para orar e agir – para salvaguardarmos, sustentarmos e renovarmos a vida da Terra. É por isso que, inspirada pela liderança da Igreja Ortodoxa, a Comunhão Anglicana apoia com entusiasmo este período ecuménico. Convido os anglicanos de todo o mundo a orar pela unidade da Igreja, enquanto seguimos o chamamento de Cristo a protegermos e renovarmos o que Deus nos confiou» – Reverendíssimo Justin Welby, Arcebispo de Cantuária, Comunhão Anglicana.
  • «Na nossa 13ª Assembleia Geral, em Cracóvia (em setembro de 2023), a Federação Luterana Mundial afirmou que, como igrejas em contínua reforma, somos chamadas a trabalhar pela paz no mundo: entre as pessoas, entre os países e com toda a criação. O aumento implacável das temperaturas globais globais significou a perda de biodiversidade, de vidas, de meios de subsistência e de comunidades inteiras. A criação grita em sofrimento. Reconhecemos o apelo urgente à ação e reconhecemos que só lhe podemos responder fundados na fé. O Tempo da Criação é uma fonte de força e comunhão que nos incentiva a verdadeiramente "ter esperança e agir com a Criação"» – Rev.da Dr.ª Anne Burghardt, Secretária Geral da Federação Luterana Mundial.
  • «O Conselho Metodista Mundial, em 2016, elogiou a iniciativa de se celebrar um "Tempo da Criação" de 1 de setembro a 4 de outubro, observado pela primeira vez pelo Patriarcado Ecuménico, agora acolhido por cristãos preocupados em todo o mundo. Este é o momento de confessarmos que somos filhas e filhos pródigos que voltam para casa depois de uma devastação tão longa do céu e da terra. O nosso regresso ecológico é o nosso “caminhar juntos” (syn-hodos) com a Mãe Terra pela intercessão do Espírito Santo. Entramos num novo kairós da primavera ecuménica de renovação da Igreja Sinodal, antecipando, na medida do possível, a lógica dos novos céus e da nova terra para os quais caminhamos. Celebremos com São Paulo o papel de parteira do Espírito através da tríplice sequência "cosmoteândrica" do santo gemido da criação como Mãe Terra, do Espírito como parteira e dos crentes como filhos adotivos de Deus!» – Rev. Dr. Jong Chun J.C. Park, Presidente do Conselho Metodista Mundial.
  • «As mudanças climáticas e os desastres naturais já pairam sobre nós. O planeta está em apuros e "a criação geme", como nos lembra o Apóstolo Paulo em Romanos 8. No meio disso tudo, somos chamados a ser administradores e cidadãos responsáveis que cuidamos da terra que pertence ao Senhor e a sustentamos. Isto é a esperança em ação, enquanto oramos e ansiamos por um mundo melhor e mais seguro para todas as pessoas e para a criação. Cada um de nós precisa fazer a sua parte para cuidar dela» – Rev. Prof. Dr. Jerry Pillay, Secretário Geral, Conselho Mundial de Igrejas.
  • «Não devemos dececionar o Criador estragando a sua criação, criação que Ele nos confiou desde o princípio dos tempos e continua a proteger de nós mesmos. Nalguns lugares precisamos dizer "Basta" aos danos que estamos a infligir propositalmente à criação, cegos pela nossa ganância e desejo de lucro. Conscientes da gravidade da questão, deveríamos erguer a nossa voz numa tentativa incansável de difundir essa consciência e de a fazer tomar parte da cultura diária e do padrão de comportamento dos indivíduos, bem como das empresas. Uma mudança de paradigma é extremamente necessária» – Prof. Michel Abs, Secretário Geral, Conselho de Igrejas do Oriente Médio.
  • «Devemos abandonar os combustíveis fósseis e migrar para as energias renováveis de uma forma justa e organizada. A nossa fé convida-nos a apoiar as comunidades vulneráveis que são mais afetadas pela crise climática» – Rudelmar Bueno de Faria, Secretário Geral, ACT Alliance.
  • «O Patriarcado Ecumênico lançou pela primeira vez um dia de oração pela criação em 1989. Desde então, o Patriarca Ecuménico Bartolomeu tem defendido com paixão e paciência a proteção da criação, fazendo ecoar o "profundo anseio" desta última e a "esperança paciente" da humanidade (Romanos 8,19-25). Escutar e responder ao grito da criação já não é um luxo, uma tendência ou uma agenda. É essencial para a sustentabilidade do nosso planeta e a prosperidade dos seus habitantes» – Rev. Dr. John Chryssavgis, Diretor Executivo, Instituto Ecuménico Huffington – Escola Ortodoxa Grega de Teologia Santa Cruz, Hellenic College.
  • «O Tempo da Criação é uma ótima maneira de a sua Igreja se comprometer no cuidado do mundo criado por Deus. Inscreva-se. Aproveite ao máximo os recursos. E vamos adorar e agir, porque juntos podemos fazer a diferença» – Dr.ª Ruth Valerio, Diretora Global de Defesa de Direitos e Influência, Tearfund.
  • «Neste Tempo da Criação, exorto todas as pessoas cristãs em todos os lugares a tomarem medidas práticas, cuidando do meio ambiente, conservando os recursos naturais e promovendo a sustentabilidade para proteger a Terra. Apelo a todos os cristãos e cristãs para que participem deste Tempo da Criação, trabalhando com uma esperança renovada, pois a Criação aguarda ansiosamente a revelação dos filhos de Deus»  Seth Appiah-Kubi, Diretor Nacional, A Rocha Gana.
Cuidar da nossa casa comum não é apenas uma causa ambientalista ou tecnocrática, mas uma visão mais holística, integral, humana e espiritual, e uma questão de ecologia integral. Através da oração, da mobilização prática e de ações sustentáveis, este Tempo da Criação de 2024 pode renovar profeticamente a nossa unidade ecuménica e o cuidado com a nossa casa comum. Convidamo-lo a participar deste período especial e a juntar-se a este poderoso movimento para produzir as primícias da esperança.
Que possamos caminhar juntos e juntas, em comunhão como Povo de Deus, para honrar o nosso chamamento cristão a cuidar da Criação de Deus!

Membros do Comité Consultivo do Tempo da Criação

Tema e símbolo do Tempo da Criação de 2024


Em cada ano, o Comité Diretivo Ecuménico do Tempo da Criação propõe um tema para o Tempo da Criação.
O tema para 2024 é «Ter esperança e agir com a Criação» e o símbolo é «As primícias da esperança», inspirado em Romanos 8,19-25.
Uma observação especial sobre o tema deste ano resulta da de decisão de grafarmos "Criação" com inicial maiúscula por vários motivos. O nosso tema enfatiza que a Criação não é um objeto criado para uso humano, mas sim um sujeito com que somos chamados a nos relacionarmos e a colaborarmos como semelhantes. Ao escrever Criação com "C" maiúsculo, referimo-nos tanto à ordem criada como ao mistério do contínuo ato da criação de Deus. Reconhecemos toda a ordem criada ou todo o cosmos, incluindo todas as partes vivas e não vivas da Criação de Deus, mostrando o nosso respeito teológico, a reverência, a responsabilidade e a interdependência com o mundo natural.
Oferecemos nesta seção [...] os fundamentos teológicos do tema e o símbolo deste ano. Também pode encontrar na Adenda 3 [do Guião] alguns pontos de discussão para refletir mais sobre eles.

A Criação geme com as dores do parto (cf. Romanos 8,22)

Esta imagem bíblica retrata a Terra como uma Mãe que geme como num parto. Os tempos que vivemos mostram que não nos relacionamos com a Terra como uma dádiva do nosso Criador, mas sim como um recurso a ser utilizado. São Francisco de Assis compreendeu isso quando se referiu à Terra como nossa irmã e nossa mãe no seu Cântico das Criaturas. Como poderá a Mãe Terra cuidar de nós se não cuidarmos dela? A Criação geme por causa do nosso egoísmo e das nossas ações insustentáveis que a prejudicam.
Juntamente com a nossa Irmã, a Mãe Terra, criaturas de todos os tipos, incluindo os seres humanos, gritam por causa das nossas ações destrutivas que causam a crise climática, a perda de biodiversidade e o sofrimento humano, bem como o sofrimento da Criação. E, no entanto, há esperança e expectativa de um futuro melhor. Ter esperança, no contexto bíblico, não significa ficar parado e quieto mas sim gemer, chorar e lutar ativamente por uma nova vida no meio das lutas. Assim como no parto, passamos por um período de dor intensa, mas uma nova vida está a surgir.

A Criação espera com impaciência a revelação dos filhos de Deus (Romanos 8,19)

A Criação e todos nós somos chamados a adorar o Criador, trabalhando juntos por um futuro de esperança e ação ativas. Só quando trabalhamos juntos e unidos à Criação é que as primícias da esperança podem nascer. A teologia paulina recorda-nos que tanto a Criação como a humanidade são concebidas desde o princípio em Cristo e, portanto, são confiadas uma à outra. 
A Criação espera com impaciência a revelação dos filhos de Deus! Os filhos de Deus são aqueles que erguem as mãos ao Criador, reconhecendo-se como criaturas humildes, para louvarem e respeitarem Deus e, ao mesmo tempo, para amarem e respeitarem o dom da Criação de Deus, cuidar dela, aprender com ela. A Criação não foi dada à humanidade para ser usada e abusada; pelo contrário, a humanidade foi criada para fazer parte da Criação. Mais do que uma casa comum, a Criação é também uma família cósmica que nos chama a agir com responsabilidade. É assim que os filhos de Deus têm uma vocação intrínseca e um papel importante a desempenhar na manifestação do reino da justiça (cf. Rm 8,19).

Primícias da esperança (Romanos 8,23-25)

A esperança é um instrumento que nos permite superar a lei natural da decadência. Ela é-nos dada por Deus como proteção e salvaguarda contra a futilidade. Somente através da esperança podemos realizar o dom da liberdade em plenitude. Liberdade de agir não apenas para alcançar prazer e prosperidade, mas para alcançar o estádio em que somos livres e responsáveis. A liberdade e a responsabilidade permitem-nos tornar o mundo um lugar melhor.
Agimos por um futuro melhor porque sabemos que Cristo venceu a morte causada pelos nossos pecados. Há muita dor na Terra por causa das nossas falhas. Os nossos pecados estruturais e ecológicos infligem dor à Terra e a todas as criaturas, também a nós mesmos. Sabemos que causamos muitos danos à Criação e ao mundo em que vivemos, por causa da nossa negligência, da nossa ignorância, mas também – em muitos casos – por causa do nosso desejo insaciável de satisfazer sonhos egoístas e irrealistas (cf. Rm 8,22).
Há uma frase comumente atribuída a Santo Agostinho que diz: «A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação ensina-nos a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las». Ao testemunharmos os gritos e sofrimentos da Terra e de todas as criaturas, deixemos que a indignação sagrada nos conduza em direção à coragem de termos esperança e sermos ativos pela justiça. Acreditamos que a encarnação do Filho de Deus nos oferece a orientação que nos permite enfrentar o mundo conturbado. Deus está connosco nos esforços para respondermos aos desafios do mundo em que vivemos (cf. Rm 8,23).
Existem diferentes formas de esperança. No entanto, a esperança não é apenas otimismo. Não é uma ilusão utópica. Não está à espera de um milagre mágico. A esperança é a confiança de que a nossa ação faz sentido, mesmo que os seus resultados não sejam imediatamente visíveis (cf. Rm 8,24). A esperança não age sozinha. Anteriormente, na sua Carta aos Romanos, o apóstolo Paulo explicou a estreita relação da esperança com o processo de crescimento: «a perseverança produz a fidelidade provada, e a fidelidade provada produz esperança» (Rm 5,4). A paciência e a perseverança são íntimas da esperança. Estas são qualidades que levam à esperança.
Sabemos o quanto é urgente tomar atitudes ousadas para conter as crises climática e ecológica, e também sabemos que a conversão ecológica é um processo lento, já que os seres humanos resistem a mudar as suas mentalidades, os seus corações e os seus modos de vida. Às vezes não sabemos que tipo de atitude devemos tomar. À medida que a nossa vida caminha, todos os dias vamos tendo novas ideias e inspirações para encontrarmos um melhor equilíbrio entre a urgência e os ritmos lentos das mudanças duradouras. Podemos não compreender plenamente tudo o que acontece, podemos não compreender os caminhos de Deus, mas somos chamados a confiar e avançar com ações concretas e sustentadas, seguindo o exemplo de Cristo, o Redentor de todo o Cosmos (cf. Rm 8, 25).
Em algumas línguas, a tradução da passagem paulina exprime que a esperança não é uma espera passiva, mas uma esperança ativa (cf. Rm 8,20-21). Há muito que podemos aprender com outras culturas e países sobre como ter esperança e agir em conjunto com a Criação. A esperança deve ser entendida ativamente para não cair na armadilha da positividade superficial. Em francês existem duas maneiras diferentes de falar desta noção: espoir, que evoca a atitude de espera, e espérance, que expressa a esperança ativa na luz de Deus. A mesma nuance aparece na língua árabe, que distingue entre amal (لما ) e raja’ (ءاجر), mostrando como há muito para refletir sobre o que significa falarmos de "esperança".

Oração do Tempo da Criação 2024


Deus Uno e Trino, Criador de tudo,
Nós vos louvamos pela vossa bondade, visível em toda a diversidade que criastes, fazendo de nós uma família cósmica que vive numa casa comum. Pela Terra que criastes, recebemos amor e alimento, abrigo e proteção.
Confessamos que não nos relacionamos com a Terra como um dom maternal recebido de vós, nosso Criador. O nosso egoísmo, a ganância, a negligência e o abuso causaram a crise climática, a perda de biodiversidade, o sofrimento humano e também o sofrimento de todas as criaturas nossas irmãs. Confessamos que não conseguimos ouvir os gritos da Terra, os gritos de todas as criaturas e os gemidos do Espírito de esperança e justiça que vive dentro de nós.
Que o vosso Espírito Criador nos ajude nas nossas fraquezas, para que possamos conhecer o poder redentor de Cristo e a esperança que nele se encontra. Que os gemidos do Espírito façam nascer em nós a disponibilidade para vos servirmos fielmente, para que possamos escutar e cuidar da Criação, para esperarmos e agirmos juntamente com ela, para que floresçam as primícias da esperança.
Deus Amoroso e Criador, nós vos pedimos que nos torneis sensíveis a esses gemidos e nos façais ter a mesma compaixão de Jesus, o Senhor redentor. Concedei-nos uma nova visão do nosso relacionamento com a Terra e uns com os outros, como criaturas feitas à vossa imagem.
Em nome daquele que veio proclamar a boa-nova a toda a Criação, Jesus Cristo.
Amém

23/06/2024

Celebração ecuménica pela paz

As Igrejas que integram a Comissão Ecuménica do Porto juntaram-se na sexta, 21 de junho de 2024, para Celebração ecuménica pela paz, inserida no Roteiro Ecuménico do Porto, segundo a tradição da Comunidade Ortodoxa do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla - sita na Rua da Constituição, 379 (junto ao Marquês).






14/06/2024

«O Bispo de Roma»: Apresentação do documento de estudo do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos

O Bispo de Roma: Primado e sinodalidade nos diálogos ecuménicos e nas respostas à enciclica "Ut unum sint" é um documento de estudo, publicado com a aprovação do Papa Francisco, que resume pela primeira vez as respostas à encíclica Ut unum sint e aos diálogos ecuménicos sobre a questão do primado e da sinodalidade. O documento encerra com uma proposta do Dicastério que identifica as sugestões mais significativas apresentadas para um renovado exercício do ministério da unidade do Bispo de Roma «reconhecido por uns e outros». A sua apresentação, realizada a 13 de junho, contou com os seguintes intervenientes: o Cardeal Kurt Koch, Prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos; o Cardeal Mario Grech, Secretário-geral da Secretária-geral do Sínodo; o Arcebispo Khajag Barsamian, Representante da Igreja Apostólica Arménia junto da Santa Sé - Catholicossato de Etchmiadzin; o Arcebispo Ian Ernest, Diretor do Centro Anglicano de Roma e Representante pessoal do Arcebispo de Cantuária junto da Santa Sé (por via remota).

Um trabalho verdadeiramente ecuménico e sinodal (Kurt Koch)


O documento de estudo O Bispo de Roma é o primeiro documento que sintetiza todo o debate ecuménico sobre o serviço do primado na Igreja. As suas origens remontam ao convite dirigido por São João Paulo II aos outros cristãos para que encontrassem, «evidentemente juntos», as formas em que o ministério do Bispo de Roma «poderá realizar um serviço de amor reciprocamente reconhecido» (UUS 95). Desde 1995, foram numerosas as respostas a este convite, bem como as reflexões e as várias sugestões surgidas nos diálogos teológicos.
Em 2020, por ocasião do 25º aniversário da encíclica Ut unum sint, o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos considerou oportuno sintetizar estas reflexões e colher os principais frutos. O próprio Papa Francisco lançou o convite, ao constatar na Evangelii gaudium que «fizemos poucos progressos neste domínio» (EG 32). Além disso, a convocação do Sínodo sobre a sinodalidade confirmou a relevância deste projeto do nosso Dicastério como contributo para a dimensão ecuménica do processo sinodal.
O estatuto do texto é o de um «documento de estudo» que não pretende esgotar o assunto nem resumir o magistério católico sobre a matéria. O seu objetivo é oferecer uma síntese objetiva da evolução recente do debate ecuménico oficial e oficioso sobre o tema, refletindo as ideias, mas também as limitações dos próprios documentos de diálogo. Para além da síntese, o documento encerra com uma breve proposta do Plenário do nosso Dicastério, intitulada «Para um exercício do Primado no século XXI», que identifica as sugestões mais significativas avançadas pelos vários diálogos para um renovado exercício do ministério de unidade do Bispo de Roma.
O documento é o fruto de quase três anos de trabalho verdadeiramente ecuménico e sinodal. Resume cerca de 30 respostas à Ut unum sint e 50 documentos do diálogo ecuménico sobre o assunto. O trabalho envolveu não só os colaboradores, mas também todos os membros e consultores do Dicastério, que o discutiram em duas reuniões plenárias. Foram também consultados os melhores especialistas católicos na matéria, bem como numerosos especialistas ortodoxos e protestantes, em colaboração com o Instituto de Estudos Ecuménicos do Angelicum.
Finalmente, o texto foi enviado a vários dicastérios da Cúria Romana e ao Sínodo dos Bispos. No total, foram tidos em conta mais de cinquenta pareceres e contributos escritos. Todos acolheram favoravelmente a iniciativa, a metodologia, a estrutura e as ideias principais do documento.
Entre as principais conclusões de O Bispo de Roma está o facto de os documentos de diálogo e as respostas à Ut unum sint terem dado um contributo significativo para a reflexão sobre a questão do primado e da sinodalidade. A conclusão mais importante é que todos os documentos concordam com a necessidade de um serviço de unidade a nível universal, mesmo que os fundamentos deste serviço e as modalidades do seu exercício estejam sujeitos a diferentes interpretações.
Ao contrário das polémicas do passado, a questão do primado já não é vista apenas como um problema, mas também como uma oportunidade de reflexão conjunta sobre a natureza da Igreja e a sua missão no mundo. Uma ideia particularmente interessante é a de que o ministério petrino do Bispo de Roma é intrínseco à dinâmica sinodal, assim como o aspeto comunitário que inclui todo o Povo de Deus e a dimensão colegial do ministério episcopal.
O documento também sugere passos futuros para o diálogo teológico. Em particular, sugere que se promova a receção dos resultados dos diálogos a todos os níveis e também a interligação entre os diálogos - locais e internacionais, oficiais e oficiosos, bilaterais e multilaterais, orientais e ocidentais - com vista ao enriquecimento mútuo. Sugere também que o primado e a sinodalidade sejam estudados em conjunto, pois não são duas dimensões eclesiais concorrentes, mas antes duas realidades mutuamente constitutivas. Sublinha a necessidade de clarificar o vocabulário sobre esta questão, tanto para os teólogos como para o Povo de Deus.
No que diz respeito aos princípios e propostas para um exercício renovado do primado, o documento desenvolve algumas das sugestões avançadas pelos diálogos, em particular uma «releitura» ou comentário oficial do Vaticano I, uma distinção mais clara entre as diferentes responsabilidades do Papa, um reforço da sinodalidade da Igreja Católica ad intra e ad extra, em particular tendo em vista a comemoração do 1700º aniversário do Concílio de Niceia, o primeiro Concílio ecuménico, em 2025. Finalmente, o documento propõe alguns princípios para um modelo de comunhão plena baseado num «serviço de amor reconhecido pelo outro» (UUS 95).
Esperamos que este documento não só favoreça o diálogo sobre este importante tema, mas também estimule outras ideias teológicas e sugestões práticas. Para isso, o nosso Dicastério, em colaboração com a Secretaria Geral do Sínodo, tem a intenção de enviar este documento aos responsáveis das outras Igrejas, a fim de continuar a reflexão «evidentemente juntos». Uma apresentação mais detalhada do documento com teólogos de várias tradições será oferecida esta noite, às 17 horas, no Oecumenicum, o Instituto de Estudos Ecuménicos do Angelicum.

Amor pela Igreja (Mario Grech)


A leitura do documento sobre o ministério petrino O Bispo de Roma: Primado e sinodalidade nos diálogos ecuménicos e nas respostas à encíclica "Ut unum sint" confirma o amor à Igreja por parte do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, um amor que se manifesta num duplo aspeto: como serviço à unidade dos cristãos e, ao mesmo tempo, como fidelidade àquele que é o princípio visível da unidade de toda a Igreja.
Não é minha tarefa apresentar o documento; desejo antes sublinhar a oportunidade de aprofundamento de um tema de importância fundamental para a vida da Igreja. Na verdade, esta investigação revela-se preciosa para responder ao pedido de João Paulo II na Ut unum sint:
«Como Bispo de Roma, estou bem consciente, e reafirmei-o nesta carta encíclica, de que a comunhão plena e visível de todas as comunidades, nas quais, em virtude da fidelidade de Deus, habita o seu Espírito, é o desejo ardente de Cristo. Estou convencido de que tenho uma responsabilidade particular a este respeito, sobretudo ao constatar a aspiração ecuménica da maioria das comunidades cristãs e ao escutar o pedido que me é dirigido para encontrar uma forma de exercício do primado que, não renunciando de modo algum ao essencial da sua missão, se abra a uma situação nova» (UUS 95).
Passaram 30 anos desde aquelas palavras e muitas coisas mudaram na Igreja, mas a urgência da unidade da Igreja não diminuiu e o apelo a encontrar uma forma de exercício do ministério petrino que seja partilhada pelas Igrejas emerge com força dos diálogos ecuménicos. O Papa Francisco, recordando mais uma vez as palavras de João Paulo II, reiterou «a necessidade e a urgência de pensar numa "conversão do papado"», sublinhando que «o Papa não está, sozinho, acima da Igreja; mas dentro dela como Batizado entre os Batizados e dentro do Colégio Episcopal como Bispo entre os Bispos, chamado ao mesmo tempo - como Sucessor do Apóstolo Pedro - a conduzir a Igreja de Roma que preside no amor a todas as Igrejas».
O Papa exprimiu-se nestes termos no seu discurso por ocasião do 50º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos, a 17 de outubro de 2015, que constitui uma espécie de manifesto da sinodalidade e da Igreja constitutivamente sinodal. Sublinhou como «o empenho em construir uma Igreja sinodal está repleto de implicações ecuménicas»; e disse estar «persuadido de que, numa Igreja sinodal, o exercício do primado petrino também poderá receber maior luz».
É certo que os diálogos ecuménicos trouxeram um primeiro contributo: apesar de nos círculos eclesiais se continuar a falar de Sumo Pontífice ou de Romano Pontífice, o título de Bispo de Roma é agora utilizado como único título no Anuário Pontifício, o qual elenca os outros como títulos históricos. Mas uma mudança de modalidade no exercício do primado não pode consistir numa mudança de nome, por mais reveladora que esta possa ser de uma nova compreensão do papel primacial.
Se há um "lugar", um contexto que hoje pode manifestar - na verdade está a manifestar - uma nova modalidade de exercício do primado, é precisamente o processo sinodal. Gostaria de me deter neste aspeto de novidade e mostrar como ele constitui o quadro mais adequado para enquadrar também o documento publicado pelo Dicastério.
Pode-se medir a novidade deste exercício comparando-o com a doutrina do primado proposta pelo Concílio Vaticano I e reafirmada pelo Concílio Vaticano II dentro do quadro da doutrina sobre a constituição hierárquica da Igreja. Se se quiser compreender a perspetiva do Vaticano I, basta inverter a afirmação do Papa Francisco: para ser uma garantia da liberdade da Igreja «o Papa deve estar sozinho, acima da Igreja; se estivesse dentro dela como Batizado entre os Batizados e dentro do Colégio Episcopal como Bispo entre os Bispos, não seria um instrumento eficaz de defesa daquela liberdade que o Senhor deu à sua Igreja; não poderia ser aquele que - como Sucessor do Apóstolo Pedro - conduz a Igreja de Roma que preside no amor a todas as Igrejas».
A missão que o Vaticano I atribuiu ao primado foi a de ser o baluarte contra as pretensões dos Estados modernos de subordinar a Igreja às leis constitucionais, segundo os princípios do galicanismo, aplicados pelas monarquias constitucionais em matéria religiosa. Para garantir a liberdade da Igreja - para que ela estivesse acima de todos, incluindo os reis - era necessário que o Vaticano I declarasse: «Para que [...] o próprio Episcopado seja uno e indiviso, e toda a multidão dos crentes, por meio dos sacerdotes estreitamente unidos entre si, seja conservada na unidade da fé e da comunhão, antepondo o bem-aventurado Pedro aos outros Apóstolos, nele quis fundar o princípio perene e o fundamento visível da dupla unidade» (Concílio Vaticano I, Pastores Aeternus, 18 de julho de 1870).
É imediatamente evidente que o modelo de Igreja sobre o qual se apoia a doutrina do primado é o da Igreja piramidal, assim estabelecido desde a Reforma gregoriana: o Bispo de Roma, o Romano Pontífice, é o vértice da pirâmide hierárquica, o Sumo Pontífice que governa não só a Igreja de Roma, mas a Igreja universal com um poder próprio, pleno e universal. Um poder que lhe é dado enquanto Vigário de Cristo, que torna visivelmente presente a Cabeça da Igreja, o Senhor de todas as coisas, a quem todos devem obediência.
É a tese da Igreja como societas perfecta, superior a qualquer sociedade humana, porque o bem que ela proporciona é do céu e não da terra, porque as leis que ela propõe derivam da Revelação e não da razão, porque a autoridade que a governa é de Deus e não dos homens.
O Vaticano I não conseguiu completar a doutrina sobre a Igreja: a Pastor Aeternus, que propõe a doutrina sobre o primado e a da infalibilidade do Papa quando fala ex cathedra, é apenas a constitutio dogmatica prima; a suspensão do concílio sine die não permitiu a aprovação da constitutionis dogmaticae secundae, que desenvolveu a doutrina geral sobre a Igreja, em particular sobre o episcopado.
Como se sabe, este tema foi retomado no Concílio Vaticano II, que reafirmou como objeto certo de fé «esta doutrina da instituição, da perpetuidade, do valor e da natureza do sagrado primado do Romano Pontífice e do seu magistério infalível, o santo Concílio [...]. Além disso, prosseguindo no desígnio que tinha iniciado, estabeleceu enunciar e explicitar a doutrina sobre os bispos, sucessores dos apóstolos, os quais, com o sucessor de Pedro, vigário de Cristo e cabeça visível de toda a Igreja, governam a casa do Deus vivo» (LG 18).
A relação entre primado e episcopado foi enquadrada na doutrina da colegialidade, que foi um dos temas mais debatidos na assembleia. Há duas afirmações fundamentais na LG 22: que «o colégio ou corpo episcopal não tem [...] autoridade, a não ser que seja concebido unido ao Romano Pontífice, sucessor de Pedro, como sua cabeça, e sem prejuízo do seu poder de primado sobre todos, tanto pastores como fiéis»; que «a ordem dos bispos, que sucede ao colégio dos apóstolos no magistério e no governo pastoral, na qual se perpetua o corpo apostólico, é também, juntamente com a sua cabeça, o Romano Pontífice, e nunca sem esta cabeça, objeto de um poder supremo e pleno sobre toda a Igreja, embora este poder não possa ser exercido senão com o consenso do Romano Pontífice».
A ordem das declarações revela uma preocupação em defender, antes de mais, as prerrogativas do Papa; o quanto este facto condicionou a discussão pode ser compreendido a partir da opção de Paulo VI de vincular a interpretação do texto à nota explicativa praevia.
Pode dizer-se que a dificuldade de encontrar uma forma de exercício da colegialidade no pós-Concílio era pelo menos tão grande como a de encontrar outra forma de exercício do primado. A dificuldade depende, em grande parte, da existência de dois sujeitos de «poder supremo e pleno sobre toda a Igreja», pensados em absoluto, acima da Igreja. Perante este problema, muitos concluíram que, também neste ponto, a solução proposta pelo Concílio é impraticável: mais um argumento para desacreditar a autoridade do Vaticano II.
Ao invés, a solução está precisamente na eclesiologia do Concílio, quando o relemos no horizonte da sinodalidade. De facto, não se pode falar de primado e de colegialidade sem os ligar à sinodalidade: o vínculo impõe-se pela "revolução copernicana" operada pelo concílio com a inclusão do capítulo sobre o Povo de Deus na constituição sobre a Igreja, que desestruturou a societas inaequalium, fundada na dicotomia entre Ecclesia docens e discens, entre quem concentra nas suas mãos toda a capacidade ativa e quem é apenas destinatário passivo das ações dos outros.
O processo sinodal baseia-se nas relações entre Povo de Deus, Colégio dos Bispos e Bispo de Roma, e recompõe numa circularidade harmónica sinodalidade, colegialidade e primado. «Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta"; e é assim pelo facto de que "Povo de Deus, Colégio Episcopal, Bispo de Roma: [são] um à escuta dos outros; e todos à escuta do Espírito Santo, o "Espírito da verdade" (Jo 14, 17), para saber o que Ele "diz às Igrejas" (Ap 2, 7)» (Francisco, Discurso no 50º Sínodo dos Bispos, 17 de outubro de 2015).
Mas a circularidade entre sinodalidade, colegialidade e primado não se compreende apenas com o restabelecimento das relações entre Povo de Deus, Colégio e Bispo de Roma. Desta forma, as possíveis tensões entre dois sujeitos com autoridade plena e suprema na Igreja podem transformar-se em possíveis conflitos entre Povo de Deus e hierarquia. O primeiro período pós-conciliar foi dominado pela alternativa entre "Igreja de baixo/de cima", Igreja do povo e hierarquia, carisma e instituição. O caminho para integrar as funções dos três sujeitos numa unidade dinâmica passa pelo princípio eclesiológico afirmado pelo Concílio, no qual se baseia todo o processo sinodal que estamos a viver.
Quando, de facto, se entende a Igreja (com a LG 23) como «o corpo das Igrejas», porque «nelas e a partir delas existe a Igreja Católica una e única», cada sujeito é colocado realmente em condições de desenvolver a sua função no processo sinodal.
O Povo de Deus, em primeiro lugar: se cada Igreja é uma portio Populi Dei, o Povo de Deus, como sujeito do sensus fidei, nunca será uma soma de pessoas, uma massa anónima, mas a totalidade dos batizados que vivem e caminham nas Igrejas; por isso, a consulta do Povo de Deus nas Igrejas particulares é verdadeira escuta do sensus fidei. Os Bispos: se cada Igreja particular é tal porque o seu Pastor é «o princípio visível e o fundamento da unidade» (LG 23), e a Igreja é «o corpo das Igrejas» em comunhão entre si, o conjunto dos Pastores não pode deixar de ser um corpo ou colégio, que representa a Igreja e que na Igreja exerce a função de discernimento nos vários níveis da communio.
É esta a dinâmica que se verifica no caso mais claro do exercício da sinodalidade, a sancta Synodus. No concílio ecuménico, cada bispo representa a sua Igreja e essa assembleia sinodal representa toda a Igreja na sua unidade e variedade.
A referência ao concílio ecuménico permite-nos compreender a novidade que está a surgir no exercício do ministério petrino. Para o explicar, basta uma referência à época dos grandes concílios: quando nos preparamos para celebrar o aniversário do Concílio de Niceia, não podemos esquecer que foi o imperador Constantino que o convocou. E isto porque a Igreja primitiva, que era sem dúvida uma Igreja sinodal, não tinha chegado a um consenso pleno em torno do primado. Se a questão se reduz a um primado de honra, a possibilidade de convocar um concílio ecuménico passa pelo princípio da unanimidade ou pela intervenção externa do imperador.
A definição de primado, relida em chave sinodal, permite à Igreja superar esse vulnus. O Concílio Vaticano II sublinhou-o bem quando afirmou que «é prerrogativa do Romano Pontífice convocar estes concílios, presidi-los e confirmá-los» (LG 22). A fórmula mais bela, que exprime a unidade do Colégio em torno do Sucessor de Pedro, é a desejada por Paulo VI, que assinava «una cum Patribus» por baixo de cada documento conciliar promulgado.
O processo sinodal identifica e aprofunda esta forma de exercício do ministério petrino. De facto, a nível da universa Ecclesia, é prerrogativa do bispo de Roma convocar a ação sinodal, uma vez que ele é o «princípio visível e fundamento da unidade» da Igreja. Muitos sublinharam a complexidade do processo sinodal que está a envolver toda a Igreja e todos na Igreja, sem sublinhar que tudo isto - desde a consulta do Povo de Deus nas Igrejas particulares, passando pelo discernimento nas Conferências Episcopais e nas Assembleias Continentais, até ao discernimento nas duas sessões da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos - depende do ato solene de abertura do processo sinodal, celebrado em São Pedro a 10 de outubro de 2021.
O exercício do ministério petrino não se reduz a este ato inicial, para regressar no final do processo sinodal para receber os resultados e eventualmente os confirmar com uma exortação pós-sinodal. A sua função presidencial é visível na Assembleia do Sínodo dos Bispos: é ele que preside aos trabalhos na assembleia, pessoalmente ou através dos seus delegados. A sua presença é discreta, mesmo na Assembleia, onde as suas intervenções se limitam a encorajar os participantes ou a esclarecer alguns pontos que requerem a sua apreciação. Mas foi precisamente este modo de presença que facilitou o trabalho na assembleia.
Mas também todo o desenrolar do processo, em cada uma das suas fases, depende do ministério petrino: ele cumpre a sua função de acompanhamento e de confirmação do processo através da Secretaria Geral do Sínodo, que é «uma instituição permanente ao serviço do Sínodo dos Bispos, diretamente sujeita ao Romano Pontífice» (EC, art. 22 § 1), «competente para a preparação e a realização das Assembleias do Sínodo, bem como para outros assuntos que o Romano Pontífice queira submeter-lhe para o bem da Igreja universal» (EC, art. 23 § 1).
Seria um erro medir a importância do ministério petrino pela concentração de todas as decisões nas suas mãos. Posso testemunhar que o Papa Francisco sempre nos encorajou a prosseguir no nosso serviço à Igreja.
O processo sinodal não deixou de sublinhar este modo de exercer o ministério petrino. No Instrumentum laboris da primeira sessão da Assembleia, a última pergunta foi formulada assim: «À luz da relação dinâmica e circular entre sinodalidade da Igreja, colegialidade episcopal e primado petrino, como aperfeiçoar a instituição do Sínodo para que se torne espaço certo e garantido para o exercício da sinodalidade, assegurando a todos - Povo de Deus, Colégio dos Bispos e Bispo de Roma - a plena participação, no respeito das suas funções específicas?».
O Relatório de Síntese da Assembleia de 2023 contém um tema sobre o Bispo de Roma no Colégio dos Bispos (tema 13), afirmando que, numa visão sinodal, «o ministério petrino [...] é intrínseco à dinâmica sinodal» e sublinhando que «sinodalidade, colegialidade e primado se reclamam reciprocamente: o primado pressupõe o exercício da sinodalidade e da colegialidade, assim como estas implicam o exercício do primado» (13/a). A Assembleia apela então a uma reflexão mais aprofundada sobre «o modo como uma renovada compreensão do episcopado numa Igreja sinodal incide sobre o ministério do Bispo de Roma e o seu papel da Cúria Romana» (13/d).
Estes elementos indiciam uma nova forma de exercício do ministério petrino, que a Igreja, através do processo sinodal, já reconhece. A dinâmica sinodal, desenvolvida sobre o tríplice registo da communio - fidelium, Ecclesiarum, episcoporum - mostra como seria possível chegar a um exercício ecuménico do primado. O Papa disse-o no seu discurso por ocasião do 50º aniversário do Sínodo dos Bispos; confirma-o o documento do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos sobre o Primado, ilustrando os numerosos elementos que podem ajudar a procurar uma forma de exercício do ministério petrino ao serviço de todos aqueles que «olham com fé para Jesus, autor da salvação e princípio de unidade e de paz» (LG 9), para que se cumpra a oração de Jesus: «Que todos sejam um!» (Jo 17,21).

Um diálogo notável entre as Igrejas (Khajag Barsamian)


Gostaria de começar por felicitar o Cardeal Kurt Koch e o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos pela publicação deste documento, que será um texto de referência para o diálogo ecuménico nos próximos anos. Como salientou o Cardeal Koch, é a primeira vez que o debate ecuménico sobre o primado e a sinodalidade é resumido de forma sistemática e tão aprofundada. Pode, por isso, ser considerado como um valioso ponto de partida para uma discussão renovada sobre o exercício do primado e da sinodalidade.
Pessoalmente, como representante da Igreja Apostólica Arménia junto da Santa Sé, considero particularmente interessante constatar como o notável diálogo teológico entre as Igrejas Ortodoxas Orientais e a Igreja Católica, cujo vigésimo aniversário celebramos este ano, foi uma fonte de inspiração para este texto. Em particular, o segundo documento deste diálogo teológico, sobre o exercício da comunhão na vida da Igreja primitiva, mostra como os primeiros séculos podem ser uma fonte de inspiração para os dias de hoje.
Como afirma o Documento de Estudo, naquela época, as expressões de comunhão não eram primariamente jurídicas e havia uma grande diversidade de modelos eclesiais. É convicção da família das Igrejas Ortodoxas Orientais que estas formas de comunhão devem continuar a ser paradigmáticas, quando refletimos sobre a natureza e a missão da Igreja no terceiro milénio. Gostaria também de mencionar o diálogo teológico com a Igreja Ortodoxa Oriental, que dedicou três documentos completos ao tema do primado e da sinodalidade, em particular o último documento aprovado em Alexandria em 2023.
Como delegado fraterno da Igreja Apostólica Arménia ao Sínodo católico sobre a sinodalidade, saúdo também as propostas contidas neste texto para reforçar a sinodalidade interna na Igreja Católica. A sinodalidade da Igreja Católica é, sem dúvida, um elemento importante para as Igrejas Ortodoxas Orientais no nosso caminho para a plena comunhão. As Igrejas Ortodoxas Orientais podem também contribuir para esta reflexão através da sua experiência secular de sinodalidade.
A este propósito, gostaria também de reconhecer publicamente a iniciativa do simpósio Ouvir o Oriente, para o qual contribuí, organizado pelo Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos em colaboração com o Instituto de Estudos Ecuménicos do Angelicum de Roma em 2022.
Da mesma forma, as várias propostas do documento para reforçar a sinodalidade ad extra parecem-me promissoras, porque é possível praticar uma certa sinodalidade entre as nossas Igrejas, mesmo que ainda não estejamos em plena comunhão. A este respeito, as iniciativas do Papa Francisco, como o encontro de Bari sobre o Médio Oriente em 2018 ou, mais recentemente, a vigília ecuménica Juntos na véspera do Sínodo de 2023, devem encorajar-nos a organizar outros encontros deste tipo.
Congratulo-me particularmente com a proposta, retomada no documento, de distinguir mais claramente as diferentes funções do Papa, por um lado, como Patriarca da Igreja latina, por outro, como ministro da unidade entre as diferentes Igrejas e, finalmente, como Chefe de Estado. Neste sentido, a recente reintegração do título de «Patriarca do Ocidente» entre os títulos históricos do Papa é importante, uma vez que este título, herdado do primeiro milénio, evidencia a sua fraternidade com os outros Patriarcas. A insistência do Papa Francisco no seu ministério como Bispo de Roma é, sem dúvida, também essencial, porque é como Bispo de Roma, a Igreja «que preside à caridade», como diz Inácio de Antioquia na sua Carta aos Romanos, que o Papa é chamado a servir a comunhão das Igrejas.
Como o texto justamente assinala, o que mais falta hoje no caminho ecuménico é um modelo de plena comunhão. Todos os diálogos teológicos com as Igrejas Ortodoxas e Ortodoxas Orientais sublinham que a atual relação das Igrejas Católicas Orientais com Roma não pode ser considerada um modelo de futura comunhão. Esperamos que este documento dê um novo impulso à reflexão conjunta sobre um novo modelo, um modelo não de jurisdição mas de comunhão.
Por último, gostaria de manifestar o desejo de que este documento seja partilhado com as várias Igrejas cristãs para que possamos continuar a nossa reflexão. O aniversário do Concílio de Niceia, no próximo ano, será certamente uma boa ocasião para o fazer.

Caminhando juntos (Ian Ernest)


Também eu gostaria de agradecer ao Cardeal Koch e ao Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos pela publicação deste documento, que abre novas perspetivas para as relações ecuménicas sobre a muito debatida questão da relação entre primado e sinodalidade. No seu discurso aos Primazes anglicanos, reunidos em Roma no mês passado, o Santo Padre mencionou o papel do Bispo de Roma e usou as palavras do Papa Gregório Magno, que o descreveu como servo dos Servos de Deus: «servus servorum Dei».
Nas palavras de São João Paulo II, esta «é a melhor garantia contra o risco de separar o primado do ministério». Estas palavras são fonte de esperança, pois dão uma indicação do espírito ecuménico que prevalece. Mas, dada a extensão e a diversidade dos diálogos ecuménicos, é da maior importância contar com uma síntese temática que exponha as principais ideias, preocupações, intuições e destaques da questão. A identificação dos contributos das Igrejas Ortodoxas do Oriente, das principais Igrejas Ocidentais e das Igrejas Livres é um marco importante. Louvo a atitude da Igreja Católica de escutar seriamente as reflexões produzidas pelos diálogos ecuménicos e de contribuir assim para a receção desses diálogos.
Como representante pessoal do Arcebispo de Cantuária, congratulo-me com o facto de uma das respostas mais completas e pormenorizadas ao convite de São João Paulo II na Ut unum sint ter sido dada pela Assembleia dos Bispos da Igreja de Inglaterra em 1997. A Conferência de Lambeth e a reunião dos Primazes são também canais através dos quais o mundo anglicano é introduzido nas questões que estão em jogo nos diálogos em curso. Isto permite-nos, como Comunhão a nível mundial, compreender em espírito de oração os diálogos ecuménicos e as novas perspetivas que tocam aspetos doutrinais muito importantes. Poderíamos chamar a isto sinodalidade em ação.
Congratulo-me também por ver até que ponto o diálogo com a Comunhão Anglicana através da Comissão Internacional para o Diálogo Teológico com a Igreja Católica, ARCIC, contribuiu para esta reflexão. Como o documento recorda, já em 1976, a Comissão Conjunta, no seu documento Autoridade na Igreja I, sublinhava a necessidade das dimensões primacial e sinodal também a nível universal, afirmando que: «se a vontade de Deus para a unidade no amor e na verdade de toda a comunidade cristã for cumprida, este plano geral com os complementares aspectos primacial e conciliar da episkope ao serviço da koinonia das Igrejas tem de ser realizado a nível universal» (ARCIC 1976, 23).
Já em 1981, a mesma Comissão sublinhava a necessidade do primado a nível universal: «De acordo com a doutrina cristã, a unidade da comunidade cristã na verdade exige uma expressão visível. Concordamos que tal expressão visível é vontade de Deus e que a manutenção da unidade visível a nível universal inclui a episcope de um primado universal» (ARCIC 1981 Eluc., 8). Essas intuições, que foram rapidamente retomadas por muitos outros diálogos, especialmente pelos orientais, foram inicialmente formuladas pela ARCIC.
O último documento da ARCIC Caminhando juntos no caminho. Aprender a ser Igreja local, regional e universal também trouxe novos elementos para a reflexão sobre a sinodalidade, através da metodologia do «ecumenismo recetivo». A este propósito, tive o privilégio de participar nas conferências Ouvir o Ocidente, organizadas pelo Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos em colaboração com o Instituto Oecumenicum da Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, no quadro do processo sinodal da Igreja Católica.
Entre as propostas expressas nos diálogos, gostaria de sublinhar a importância de uma "reformulação" ou de um comentário oficial ao ensinamento do Vaticano I, que continua a ser um grande obstáculo entre as nossas Igrejas, especialmente porque é difícil de compreender hoje em dia e está aberto a interpretações erróneas. Continua, portanto, a ser necessário apresentar o ensinamento do Vaticano I à luz de uma eclesiologia de comunhão, clarificando a terminologia utilizada. Apesar destes desafios, a atitude recetiva e generosa desenvolvida pelos anglicanos ao longo dos anos «convida toda a cristandade a caminhar em conjunto numa compreensão mais rica e mais unida das tradições cristãs e da missão da Igreja».
Por esta razão, gostaria de saudar a proposta de sinodalidade ad extra. A este respeito, o retiro espiritual para os líderes do Sudão do Sul, organizado pelo Papa Francisco e pelo Arcebispo Justin Welby em 2019, a peregrinação ecuménica pela paz no Sudão do Sul, organizada pelo Papa Francisco, pelo Arcebispo Justin Welby e pelo Reverendo Iain Greenshields em 2023, e a vigília de oração ecuménica «Juntos: Encontro do Povo de Deus» na Praça de São Pedro em 2023, na véspera da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, são exemplos deste "caminhar juntos" ou ecumenismo sinodal a que o Papa Francisco nos convida.
Para concluir, também eu gostaria de exprimir o desejo de que este documento seja partilhado com as várias Igrejas cristãs, para que possamos continuar a nossa reflexão, «evidentemente juntos», como desejava o Papa João Paulo II.

Tradução portuguesa dos intervenções publicadas por Settimana News (14 de junho de 2024).

25/03/2024

Capela do Hospital de S. João acolheu celebração ecuménica

Pelas 21h30 do passado dia 14 de março, realizou-se uma celebração ecuménica na Capela do Hospital de São João com a presença de uma diversidade de igrejas e alguns doentes internados na instituição, para uma oração, bênção e gesto de lava-pés.
A Celebração ecuménica contou com a presença de ministros das várias Igrejas e Confissões: a Igreja Católica Romana, a Igreja Católica Apostólica Evangélica de Comunhão Anglicana, a Igreja Evangélica Alemã do Porto, a Igreja Evangélica Metodista Portuguesa, a Igreja Evangélica Presbiteriana Portuguesa, a Igreja Ortodoxa da Ucrânia do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Greco Russa, sob a Presidência de D. Joaquim Dionísio, Bispo Auxiliar do Porto.
Ali se congregaram doentes, fiéis leigos, voluntários, colaboradores do Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa, sacerdotes, bispos, religiosos, enfermeiros, médicos, e tantos outros trabalhadores do Hospital num serviço e atenção aos mais frágeis.
Estiveram presentes os Capelães dos Hospitais de São João, Santo António, Santo Tirso, Misericórdia, Vila Nova de Gaia-Espinho, e todos se associaram às comunidades hospitalares do país e do mundo para rezar em conjunto.
O tema da celebração anual de 2024 é a continuidade da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, celebrada de 18 a 25 de janeiro último e preparada pela comunidade ecuménica Chemin Neuf do Burkina Faso, sob o tema «Amarás ao Senhor teu Deus…e ao teu próximo como a ti mesmo» (Lucas 10,27).
A água fonte de bênção, alimento espiritual e símbolo de hospitalidade dos caminhantes na jornada da vida, esteve presente nesta celebração ecuménica, também no sinal da cabaça, utensílio habitualmente utilizado no Burkina Faso. Foi daqui, deste local da África Ocidental, onde a situação política é instável e a ameaça à paz e à coesão social, como ataques terroristas, ilegalidades, perseguições aos cristãos e tráfico de pessoas, acontecem diariamente que vieram os subsídios de oração.
A celebração centrou-se na parábola do Bom Samaritano e começou com a interrogação a todos nós sobre quem é o meu próximo?
Jesus convida-nos a ir mais além. Todos podemos ser próximos do outro, e nele encontrar o Cristo. Todos somos chamados a hoje a ser «bálsamo para as feridas do nosso irmão», a implicarmo-nos no seu sofrimento, a cuidar dele. Rezou-se ainda por todos os profissionais de saúde que com sabedoria e inteligência se fazem próximos dos doentes e aliviam as suas chagas e dores no dia-a-dia de hospitais e casas de saúde.
A celebração contou com a profissão de fé realizada com o texto do Símbolo dos Apóstolos, sinal da unidade dos cristãos.
A oração comunitária incluiu diversas tradições presentes como a metodista, ortodoxa ucraniana, lusitana, católica romana, e ortodoxa russa e diferentes línguas, como o português e o ucraniano. E finalizou com a benção de todos os doentes pelos Ministros presentes. Sentiu-se força redobrada para o caminho dos que estiveram presentes que foi também transmitida a alguns que não puderam comparecer presencialmente.
No final teve lugar um convívio entre os presentes que se sentiram acolhidos em oração e prolongaram o convívio como habitualmente na tradição cristã.

MF, Colaboradora da Capelania do Hospital de São João
Voz Portucalense [edição online] (24 de março de 2024)

28/01/2024

Cristãos rezam no Porto pela unidade


No dia 25 de janeiro [de 2024], decorreu uma Celebração Ecuménica com os hierarcas das várias tradições cristãs que celebram a sua fé no Porto. Foi na paróquia Lusitana do Redentor que teve lugar um momento de oração organizado pela Comissão Ecuménica do Porto por ocasião da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (18-25 jan). Uma celebração presidida pelo bispo Jorge Pina Cabral da Comunhão Anglicana.
A Comissão Ecuménica do Porto é constituída pela Igreja Católica, Igreja Lusitana de Comunhão Anglicana, Igreja Anglicana, Igreja Metodista, Igreja Evangélica Luterana Alemã do Porto, Igreja Ortodoxa do Patriarcado de Moscovo e Igreja Ortodoxa do Patriarcado de Constantinopla.
A Paróquia Lusitana do Redentor, da Comunhão Anglicana, encheu-se para celebrar a unidade entre os cristãos. A homilia foi proferida pelo bispo Sifredo Teixeira da Igreja Metodista que recordou os textos produzidos pelos irmãos do Burkina Faso para a Semana de Oração neste ano de 2024 com o tema: «Amarás o Senhor teu Deus e o próximo como a ti mesmo»
«A violência gera violência», disse o bispo, sublinhando que só «o amor fará a diferença». Citou a parábola do bom samaritano, lembrando que nela «um homem ferido e abandonado é ajudado por um samaritano». «Os religiosos não fizeram o que se esperava deles», disse o bispo Sifredo, lembrando que estes passaram junto do homem que estava no chão mas não lhe prestaram auxílio.
«Deus age através de quem ele quer», afirmou. «Vem de forma inesperada» através de «um amor que perdoa». «Porque quem ama a Deus tem de amar o próximo».
«Há cristãos que são espelho do amor ajudando sem olhar a quem» disse ainda o bispo, declarando que «o mundo precisa deste amor que constrói a paz».
Assinalou os passos de reconciliação e diálogo já dados para a unidade dos cristãos nas últimas décadas. «Há 10 anos foi o reconhecimento mútuo do batismo», recordou. «O passo seguinte é celebrar a Eucaristia juntos. Espero viver esse dia», afirmou o bispo metodista Sifredo Teixeira na conclusão da sua homilia.

RS
Voz Portucalense [online] (27/01/2024)

13/01/2024

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos no Grande Porto 2024

 

21 de janeiro, 16h00:
Celebração Ecuménica
Mosteiro de Bande, Paços de Ferreira

24 janeiro, 21h30:
Oração de Taizé
Igreja de Vilar, Porto

25 de janeiro, 21h30:
Celebração Ecuménica- Grande Porto
Lançamento do Roteiro Ecuménico de Oração 2024
Paróquia Lusitana do Redentor, Porto

A Celebração Ecuménica Nacional tem lugar a 19 de janeiro, às 21h00, na Paróquia Nossa Senhora de Lurdes, em Coimbra.

Tema e subsídios