30/09/2025

«Paz com a Criação» junta Igrejas para Vigília Ecuménica, em Tempo da Criação

Publica-se a notícia disponibilizada pela Comissão Ecuménica do Porto.

Anualmente, entre 1 de setembro e 4 de outubro, celebra-se o Tempo da Criação proposto pelas Igrejas a nível Mundial e com crescente adesão, que tem como objetivo proporcionar vivências de oração e ação conjuntas, e assim, despertar consciências e vontades, na salvaguarda da casa comum, reconhecendo a Criação como o ato divino contínuo, que a todos convoca, como colaboradores, seguidores de Cristo, sabendo que o bem-estar da humanidade está interligado com o bem-estar da Irmã e Mãe Terra.
A Paróquia do Salvador do Mundo, da Igreja Lusitana – Comunhão Anglicana, acolheu a celebração, que teve lugar na noite de 24 de setembro de 2025, promovida pela Comissão Ecuménica do Porto, dentro do roteiro ecuménico de oração. Na saudação de boas-vindas, o pároco local e membro da Comissão Ecuménica do Porto, Presbítero Sérgio Alves, referiu que «esta celebração é já um marco no caminhar ecuménico na cidade e que juntos, estamos a dar um sinal de unidade na diversidade que nos caracteriza, um testemunho profético e comprometido na sociedade».
Estiveram representantes das Igrejas Católica Romana, Lusitana-Comunhão Anglicana, Metodista, Ortodoxa da Ucrânia do Patriarcado de Constantinopla e Ortodoxa de Moscovo, Rússia, acompanhados pelos Bispos D. Manuel Linda, Bispo D. Pina Cabral e Bispo D. Sifredo e sete ministros das respetivas Igrejas, juntamente com uma assembleia que contou com mais de setenta pessoas.
A pregação foi da responsabilidade do Bispo do Porto, D. Manuel Linda, que a todos interpelou pela sua profundidade bíblica, teológica e atualidade, abordando as raízes culturais da crise ecológica e, a partir da Revelação, desenvolveu, fundamentalmente, a confusão que por vezes se faz entre felicidade e posse e a necessidade de desfazer a ideia de «luta contra a natureza», pois a pessoa, que também pertence à natureza, ao lutar contra ela acaba por lutar contra si própria, dizendo que «o homem quis apropriar-se das coisas de Deus, sem Deus e até contra Deus» e, terminando com o pensamento de Agostinho, «o homem não pode salvar-se sem a criação, nem a criação sem o homem».
O tema da vigília, organizada liturgicamente a partir dos recursos disponibilizados pelo Tempo da Criação, foi «Paz com a Criação» (Isaías 32, 14-18). Paz que não é apenas a ausência de guerra, mas a restauração de relações quebradas – com Deus, entre os seres humanos e com a Criação. O profeta Isaías no seu livro bíblico retratou uma criação desolada, desprovida de paz devido à injustiça e à rutura da relação entre os homens e Deus. Atualmente, o Mundo enfrenta 134 guerras e a ONU estima que cerca de 305 milhões de pessoas precisarão de ajuda humanitária este ano por causa das guerras.
A vigília terminou no exterior da Igreja, com velas acesas, sinal de Cristo vivo, luz do mundo. A assembleia orou, pedindo a misericórdia de Deus e a ação do Espírito Santo, para que a Paz nas nações, comece nos corações, a que se seguiu um tempo de confraternização à volta da mesa.
Foram partilhadas duas realidades importantes para o contexto ecuménico, para que os Cristão possam estar atentos e comprometidos. A apresentação da Carta Ecuménica para a Europa, revista, em Roma, no dia 5 de novembro próximo, que num dos seus eixos maiores, trata o tema da Paz e da Reconciliação e o Programa «Eco-Igrejas Portugal», um projeto inovador que propõe uma certificação ambiental das comunidades cristãs.
O cristianismo é um dom, por isso, uma tarefa sempre em construção. Os cristãos não podem ficar parados, desanimados, silenciados. Cristo vive, dá-nos a Paz, para sermos construtores de Paz.

Presbítero Sérgio Alves
Igreja Lusitana-Comunhão Anglicana