10/01/2025

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos no Grande Porto 2025

No passado dia 8 de janeiro, o grupo de representantes, composto por clérigos e leigos das Igrejas de sensibilidade ecuménica do Porto, reuniu-se no Centro Diocesano da Igreja Lusitana, em Vila Nova de Gaia. O encontro teve como objetivo planear as atividades ecuménicas na cidade do Porto para o ano de 2025, tendo como tema central a celebração dos 1700 anos do I Concílio Ecuménico de Niceia.
Entre os diversos pontos abordados, destacou-se a organização da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, também conhecida como Oitavário de Oração, que será celebrada entre os dias 18 e 25 de janeiro. Durante esta semana, realizar-se-ão várias Celebrações Ecuménicas em Gaia e no Porto, praticamente todos os dias.
A Celebração Ecuménica Nacional, que se realizará no dia 18 de janeiro, sábado, às 15h30, na Paróquia S. João Evangelista da Igreja Lusitana, localizada na Rua Afonso de Albuquerque, 86, em Vila Nova de Gaia, será um momento marcante. Durante este evento, será apresentado o Roteiro Ecuménico do Porto para o ano 2025. A participação está aberta a todos os interessados.


06/01/2025

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (18 a 25 de janeiro de 2025)

«Crês nisso?»
(João 11,26)

Texto bíblico: João 11,17-27


Para este ano de 2025, as orações e reflexões para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos foram preparadas pelos irmãos e irmãs da comunidade monástica de Bose, no Norte da Itália. Este ano assinala o 1700º aniversário do primeiro Concílio Ecuménico, realizado em Niceia, perto de Constantinopla, em 325 d.C. Essa comemoração oferece uma oportunidade única para refletir e celebrar a fé comum dos cristãos, conforme é expressa no Credo formulado nesse Concílio; uma fé que permanece viva e fecunda nos nossos dias. A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2025 oferece uma ótima oportunidade para nos valermos dessa herança partilhada e aprofundarmos a fé que une todos os cristãos.

O Concílio de Niceia

Convocado pelo imperador Constantino, o Concílio de Niceia, segundo a tradição, contou com a participação de 318 Padres, a maioria do Oriente. A Igreja, que acabara de sair da clandestinidade e da perseguição, começava a experimentar a dificuldade de partilhar a mesma fé nos diferentes contextos culturais e políticos da época. O acordo sobre o texto do Credo definia os fundamentos essenciais comuns para sobre eles construir comunidades locais que se reconhecessem como igrejas irmãs, em que cada uma respeitava a diversidade da outra.
Nas décadas anteriores, surgiram divergências entre os cristãos, que confluíram, por vezes, em conflitos sérios. Essas disputas respeitavam a assuntos tão diversos como a natureza de Cristo em relação ao Pai, a questão de uma única data para celebrar a Páscoa e sua relação com a Páscoa judaica, a oposição a opiniões teológicas consideradas heréticas, bem como o modo de reintegrar as pessoas que tinham abandonado a fé durante as perseguições nos anos anteriores.
O texto aprovado do Credo usava a primeira pessoa do plural: «Cremos...». Essa forma sublinhava a expressão de um sentimento comum. O Credo era dividido em três partes, dedicadas às três Pessoas da Trindade, seguidas de uma conclusão que condenava as afirmações consideradas heréticas. O texto desse Credo foi revisto e ampliado no Concílio de Constantinopla em 381 d.C., em que as condenações foram removidas. Essa é a forma da profissão de fé que as igrejas cristãs reconhecem hoje como o Credo Niceno-constantinopolitano, geralmente chamado simplesmente Credo Niceno.

De 325 a 2025

Embora o Concílio de Niceia tenha estabelecido o modo como deveria ser calculada a data da Páscoa, as
divergências de interpretação subsequentes fizeram com que a festa fosse frequentemente fixada em datas diferentes no Oriente e no Ocidente. De facto, ainda aguardamos o dia em que teremos novamente uma data comum para a celebração da Páscoa. Porém, neste ano de 2025, por uma feliz coincidência, essa grande festa será celebrada na mesma data pelas igrejas do Oriente e do Ocidente.
O significado do evento salvífico celebrado por todos os cristãos no domingo de Páscoa, 20 de abril de 2025, não mudou no decurso de dezessete séculos. A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é uma oportunidade para que os cristãos se insiram, uma vez mais, nessa herança viva e se reapropriem dela, de modo consonante com as culturas contemporâneas, que são ainda mais diversas do que as do mundo cristão na época do Concílio de Niceia. Viver a fé apostólica juntos hoje não implica reabrir as controvérsias teológicas daquela época, que continuaram ao longo dos séculos, mas antes reler em espírito de oração os fundamentos bíblicos e as experiências eclesiais que levaram àquele Concílio e às suas decisões.

O texto bíblico

Com isso em mente, foi escolhido o texto bíblico orientador de João 11,17-27. O tema da Semana - «Crês nisso?» (v. 26)» - é inspirado no diálogo entre Jesus e Marta, quando Jesus visitou a casa de Marta e Maria em Betânia, após a morte de seu irmão Lázaro, conforme narra o evangelista João.
No início do capítulo, o Evangelho diz que Jesus amava Marta, Maria e Lázaro (v. 5) e, quando foi informado de que Lázaro estava gravemente doente, declarou que a doença dele «não leva à morte», mas que o Filho de Deus seria «glorificado por ela» (v. 4); e permaneceu onde estava por mais dois dias. Quando Jesus chegou finalmente a Betânia, apesar de ter sido avisado do risco de aí ser apedrejado (v. 8), Lázaro já estava no sepulcro havia quatro dias (v. 17). As palavras de Marta a Jesus expressam sua deceção com a chegada tardia de Jesus e talvez contenham também uma nota de reprovação: «Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido» (v. 21). No entanto, essa exclamação é seguida imediatamente por uma profissão de confiança no poder salvador de Jesus: «Mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele to concederá» (v. 22). Quando Jesus lhe garante que o seu irmão ressuscitará (v. 23), ela responde afirmando a sua fé religiosa: «Eu sei que ele vai ressuscitar, na ressurreição do último dia» (v. 24). Jesus fá-la dar um passo adiante, declarando o seu poder sobre a vida e a morte e revelando a sua identidade de Messias: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais» (v. 25 26). Após essa declaração surpreendente, Jesus desafia Marta com uma pergunta muito direta e profundamente pessoal: «Crês nisso?» (v. 26).
Tal como Marta, as primeiras gerações de cristãos não podiam ficar indiferentes ou passivas quando as palavras de Jesus tocavam e perscrutavam os seus corações. Elas procuraram sinceramente dar uma resposta compreensível à pergunta de Jesus: «Crês nisso?». Os Padres de Niceia também se esforçaram por encontrar palavras que abrangessem todo o mistério da encarnação e da paixão, morte e ressurreição de seu Senhor. Enquanto aguardam seu regresso, os cristãos de todo o mundo são chamados a testemunhar juntos essa fé na ressurreição, que é para eles a fonte de esperança e alegria, a ser compartilhada com todos os povos.

A celebração ecuménica

Neste ano de aniversário do Concílio de Niceia, a Celebração Ecuménica da Palavra de Deus da Semana de Oração pela Unidade está centrada no significado de crer e na profissão da fé tanto pessoal como comunitária, tanto o «eu creio» como o «nós cremos». O texto bíblico de que o tema da Semana é extraído, com sua pergunta desafiante - «Crês nisso?» - é proclamado num diálogo entre três leitores e a assembleia, como parte do convite à adoração. Após uma breve introdução ao primeiro Concílio Ecuménico, uma oração de abertura inspirada em Clemente de Roma (c. 35-99 d.C.) conduz às leituras do Antigo e do Novo Testamento.
Após o sermão/homilia, o diálogo entre os leitores e a assembleia continua, deixando ecoar o diálogo entre Jesus e Marta. Os participantes são convidados a celebrar sua fé comum, recebendo uma vela e compartilhando a sua chama uns com os outros como sinal da luz de Cristo Ressuscitado. Em seguida, recitam juntos o Credo Niceno.
As orações de intercessão, baseadas em escritos patrísticos [1] dos séculos II a VIII, são um convite a crescermos juntos na fé e a darmos testemunho de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo no mundo hodierno. Em seguida, todos os presentes rezam juntos o Pai-Nosso e são despedidos com uma bênção.

O material para cada dia

Os textos fornecidos para a oração pessoal ou comunitária de cada um dos oito dias incluem duas leituras das Escrituras e um Salmo. Os textos bíblicos de cada dia destacam, por sua vez, palavras-chave do Credo Niceno.
  • Dia 1: A paternidade e o cuidado de Deus que governa o universo
  • Dia 2: A criação como obra de Deus
  • Dia 3: A encarnação do Filho
  • Dia 4: O mistério pascal: a encarnação, a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus
  • Dia 5: O Espírito Santo, que dá a vida e a alegria
  • Dia 6: A Igreja: comunidade de crentes
  • Dia 7: O Batismo na morte e ressurreição do Senhor
  • Dia 8: A espera do Reino e a vida que virá
Em vez de reflexões para cada dia escritas recentemente, os textos das Escrituras são seguidos por breves leituras patrísticas de diferentes áreas geográficas e tradições eclesiais (grega, siríaca, arménia e latina). O objetivo da seleção desses textos breves é oferecer uma visão da reflexão cristã no primeiro milénio, que ajude a situar as definições do Concílio de Nicéia tanto nos contextos que as originaram como naqueles que foram influenciados por elas. As orações de intercessão e contemplação de cada dia convidam-nos a atualizar o conteúdo da fé compartilhado e celebrado ao longo dos tempos e em todo o mundo, encontrando nele um motivo de ação de graças.

[1] De autores cristãos do primeiros séculos.