25/01/2017

Reconciliados com Deus (2 Coríntios 5,20)

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Reflexão para o oitavo dia



Miqueias 4,1-5: Nos últimos dias a justiça reinará
Salmo 87: Contam-se coisas gloriosas sobre Deus
Apocalipse 21,1-5a: Deus fará um novo céu e uma nova terra
João 20,11-18: O encontro com Cristo ressuscitado leva a uma missão pessoal

Comentário
E se as profecias na Bíblia de facto se tornarem realidade? E se as guerras entre os povos pararem e se dos armamentos de guerra foram feitas coisas capazes de darem vida? E se a justiça e a paz reinarem, uma paz que seja mais do que simplesmente a ausência de guerra? E se toda a humanidade se unir para uma celebração na qual nem mesmo uma única pessoa seja marginalizada? E se de facto não houver mais luto, nem lágrimas, nem morte? Seria a o culminar da reconciliação trazida por Deus em Jesus Cristo. Seria o céu!
Salmos, cânticos e hinos fazem-nos cantar acerca do dia em que a criação na sua perfeição atingirá finalmente o seu objetivo, o dia em que Deus vai ser “tudo em todos”. Eles falam-nos sobre a esperança cristã do cumprimento do Reino de Deus, quando o sofrimento for transformado em alegria. Nesse dia, a Igreja revelar-se-á na sua beleza e graça como corpo único de Cristo. Sempre que nos unimos no Espírito para cantarmos juntos acerca do cumprimento das promessas de Deus, os céus abrem-se e começamos aqui e agora a dançar a melodia da eternidade.
Como já podemos experimentar essa presença celestial, celebremos juntos. Podemos ficar inspirados a partilhar imagens, poemas e canções das nossas tradições particulares. Esses materiais podem abrir para nós espaços para vivermos a experiência da nossa fé comum na esperança do Reino de Deus.

Questões

- Como é que visualiza o céu?
- Que canções, histórias, poemas e figuras da sua tradição o fazem sentir que está a participar da realidade da eternidade de Deus?

Oração

Deus Uno e Trino, Pai, Filho e Espírito Santo,
nós te agradecemos por esta Semana de Oração,
por estarmos juntos como cristãos
e pelas diferentes maneiras
como experimentamos a tua presença,
Queremos sempre saber louvar juntos o teu nome santo
para continuarmos a crescer
em unidade e reconciliação. Amém.

As riquezas de Cristo e as obras de virtude na vida de outros

Para motivar a reflexão e a oração, acolhendo uma sugestão de "Misa Dominical" (2017/2), propomos para cada dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos uma breve fragmento de escritos de alguns autores não católicos e para o primeiro e último dia oferecemos dois textos do decreto do II Concílio do Vaticano sobre o ecumenismo.

Oitavo dia

«É necessário que os católicos reconheçam com alegria e estimem os bens verdadeiramente cristãos, oriundos de um património comum, que se encontram nos nossos irmãos separados. É digno e salutar reconhecer as riquezas de Cristo e as obras de virtude na vida de outros que dão testemunho de Cristo, às vezes até à efusão do sangue. Deus é, com efeito, sempre admirável e digno de admiração nas suas obras.
Nem se passe por alto o facto de que tudo o que a graça do Espírito Santo realiza nos irmãos separados pode também contribuir para a nossa edificação. Tudo o que é verdadeiramente cristão jamais se opõe aos bens genuínos da fé, antes sempre pode fazer com que mais perfeitamente se compreenda o próprio mistério de Cristo e da Igreja».

II Concílio do Vaticano, Unitatis Redintegratio, 4.

24/01/2017

O ministério da reconciliação (2 Coríntios 5,18-19)

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Reflexão para o sétimo dia


Génesis 50,15-21: José reconcilia-se com os seus irmãos
Salmo 72: O Reino de Deus traz o direito e a paz
1 João 3,16b-21: O amor de Deus nos impele a amarmo-nos uns aos outros
João 17,20-26: Jesus ora pela unidade da sua Igreja

Comentário
 
A reconciliação entre Deus e a humanidade é realidade central na nossa fé cristã. Paulo estava convencido de que o amor de Cristo nos impele a levar a reconciliação de Deus a funcionar em todos os aspetos de nossa vida. Hoje isso leva-nos a examinar as nossas consciências em relação às nossas divisões. Como demonstra a história de José, Deus dá sempre a graça necessária para a cura de relacionamentos rompidos.
Os grandes reformadores, como Martinho Lutero, Ulrich Zwinglio e João Calvino, bem como muitos que permaneceram católicos, como Inácio de Loyola, Francisco de Sales e Carlos Borromeu, procuraram trazer renovação para a Igreja ocidental. No entanto, o que poderia ter sido uma história da graça de Deus foi também marcada pelo pecado humano e tornou-se uma história da derrota da unidade do povo de Deus. Afetadas pelo pecado e a guerra, a hostilidade e a suspeita mútuas aprofundaram-se ao longo dos séculos.
O ministério da reconciliação inclui o trabalho para superar as divisões dentro do cristianismo. Hoje, muitas Igrejas cristãs trabalham juntas com mútua confiança e respeito. Um exemplo positivo de reconciliação ecuménica é o diálogo entre a Federação Luterana Mundial e a Conferência Mundial Menonita. Depois dos resultados do diálogo terem sido publicados no documento “Memórias em cura: Reconciliação em Cristo”, as duas organizações promoveram um culto penitencial em 2010, seguido de outros cultos de reconciliação na Alemanha e em muitos outros países.

Questões
- Onde vemos a necessidade de um ministério da reconciliação no nosso contexto?
- Como estamos a responder a essa necessidade?

Oração
 
Deus de toda a bondade,
nós te agradecemos por reconciliares
o mundo inteiro contigo em Cristo.
Reforça os ministérios da reconciliação em todos nós,
nas nossas comunidades e nas nossas Igrejas.
Cura nossos corações e ajuda-nos a espalhar tua paz.
“Onde houver ódio, deixa-nos semear o amor;
onde houver injúria, o perdão;
onde houver dúvida, a fé;
onde houver desespero, a esperança;
onde houver escuridão, a luz;
onde houver tristeza, a alegria”.
Assim te pedimos em nome de Cristo Jesus,
pelo poder do Espírito Santo. Amém.

Cristo revela-se-nos não só no passado, mas também no presente

Para motivar a reflexão e a oração, acolhendo uma sugestão de "Misa Dominical" (2017/2), propomos para cada dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos uma breve fragmento de escritos de alguns autores não católicos e para o primeiro e último dia oferecemos dois textos do decreto do II Concílio do Vaticano sobre o ecumenismo.

Sétimo dia

«Deus só se nos manifesta como uma realidade viva através de Cristo humano e divino; mas Cristo não pode representar uma realidade para nós, se não conservarmos mais do que uma recordação histórica: deve revelar-se-nos não só no passado, mas também no presente; e esta revelação no presente deve ser independente das nossas limitações pessoais. Aqueles que creem possuir pessoal e diretamente as revelações absolutas e definitivas de Cristo, é evidente que não se encontram preparados para desfrutar delas, e tomam por Cristo os fantasmas da própria imaginação. Não devemos buscar a plenitude de Cristo na nossa esfera pessoal, mas na sua própria esfera universal, na Igreja».

Vladimir Soloviov
Ortodoxo russo do século XIX

23/01/2017

Deus reconciliou-nos consigo (2 Coríntios 5,18)

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Reflexão para o sexto dia

Génesis 17,1-8: Deus faz uma aliança com Abraão
Salmo 98: O mundo viu a vitória de Deus
Romanos 5,6-11: Deus reconciliou-nos consigo por Jesus Cristo
Lucas 2,8-14: Proclamação da boa nova
 
Comentário

A reconciliação tem dois lados: é fascinante e assustadora ao mesmo tempo. Ela atrai-nos, fazendo-nos desejá-la: dentro de nós mesmos, uns com os outros e entre as nossas diferentes tradições confessionais. Vemos o preço e assusta-nos, pois reconciliação significa renunciar ao nosso desejo de poder e reconhecimento. Em Cristo, Deus gratuitamente nos reconcilia consigo, mesmo que nos tenhamos afastado dele. A ação de Deus vai ainda mais além: Deus reconcilia consigo não somente a humanidade, mas o conjunto da criação.
No Antigo Testamento Deus foi fiel e misericordioso com o povo de Israel, com o qual estabeleceu uma aliança. Essa aliança permanece: “os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis” (Rom 11,29). Jesus, que inaugurou a nova aliança no seu sangue, era um filho de Israel. Frequentemente na história, as nossas Igrejas têm falhado no reconhecer e honrar isso. Depois do Holocausto, é tarefa especial das Igrejas da Alemanha o combate ao anti-semitismo. Do mesmo modo, todas as Igrejas são chamadas a cultivar a reconciliação nas suas comunidades e a resistir a todas as formas de discriminação humana, porque somos todos participantes da aliança de Deus.

Questões

- De que modo nós, como comunidades cristãs, compreendemos o que é ser parte da aliança de Deus?
- Que formas de discriminação nossas Igrejas precisam enfrentar hoje em nossas sociedades?

Oração
Deus misericordioso, 
que por amor fizeste uma aliança com o teu povo;
fortalece-nos para que possamos resistir 
a toda forma de discriminação;
que o dom da tua amorosa aliança 
nos encha de alegria e nos inspire a construir uma unidade maior; 
é o que te pedimos por Jesus Cristo, nosso Senhor ressuscitado, 
que vive e reina contigo e com o Espírito Santo 
agora e para sempre. Amém.

Subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017

O homem interior deve crescer de verdade

Para motivar a reflexão e a oração, acolhendo uma sugestão de "Misa Dominical" (2017/2), propomos para cada dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos uma breve fragmento de escritos de alguns autores não católicos e para o primeiro e último dia oferecemos dois textos do decreto do II Concílio do Vaticano sobre o ecumenismo.

Sexto dia

«Devemos insistir em como todos os meios divinos da Palavra e dos sacramentos têm que ver com este homem interior e em que não é suficiente escutar a Palavra de Deus com o ouvido exterior, mas temos de permitir que penetre até ao fundo do coração, de modo que possamos escutar o Espírito Santo, quer dizer, que sintamos a unção e a força da Palavra com viva emoção e consolo. Não basta ser batizado, mas o homem interior, através do qual nos revestimos de Cristo, deve ser conservado e devemos testemunhá-lo na nossa vida exterior. Não basta ter recebido exteriormente a Santa Ceia, mas o nosso homem interior, reconfortado com este santo alimento, deve crescer de verdade».

Philipp Jakob Spener
Luterano pietista do século XVII

22/01/2017

Tudo se tornou uma realidade nova (2 Coríntios 5,17)

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Reflexão para o quinta dia

Ezequiel 36,25-27: Recebendo de Deus um novo coração
Salmo 126: Ficando repletos de alegria
Colossenses 3,9-17: Sendo renovados em Cristo
João 3,1-8: Nascendo do Espírito

Comentário

Paulo encontrou Cristo, o Senhor ressuscitado e tornou-se uma pessoa renovada – exatamente como acontece com todos os que creem em Cristo. Essa nova criação não é visível a olho nu. Em vez disso, é uma realidade de fé. Deus vive em nós pelo poder do Espírito Santo e deixa-nos partilhar a vida da Trindade.
Por esse ato de nova criação, a queda é superada e somos levados a um relacionamento salvífico com Deus. Coisas verdadeiramente espantosas podem ser ditas a nosso respeito: como disse Paulo, em Cristo somos uma nova criação; somos um em Cristo e ele vive em nós; em Cristo somos “um reino de sacerdotes” (Ap 5,10) quando lhe damos graças por vencer a morte e proclamamos a promessa da nova criação.
Essa nova vida torna-se visível quando permitimos que ela tome corpo e a vivemos em “compaixão, bondade, humildade, gentileza e paciência”. Isso precisa também se tornar aparente nas nossas relações ecuménicas. É uma convicção comum em muitas Igrejas que, quanto mais estivermos em Cristo, mais próximos estaremos uns dos outros. Especialmente neste 500º aniversário da Reforma, recordamos tanto as conquistas como as tragédias da nossa história. O amor de Cristo impele-nos a viver como seres renovados em ativa busca de unidade e reconciliação.

Questões
- O que é que me ajuda a reconhecer que sou uma nova criação em Cristo?
- Quais são os passos que preciso de dar para viver a minha vida nova em Cristo?
- Quais são as implicações ecuménicas de ser uma nova criação?

Oração
 
Deus Uno e Trino,
tu te revelaste a nós como Pai e Criador,
como Filho e Salvador,
e como Espírito e doador de vida, e ainda assim és Um;
ultrapassas as nossas fronteiras humanas e nos renovas;
dá-nos um novo coração para vencer
tudo o que põe em risco a nossa unidade em ti.
Assim te pedimos em nome de Jesus Cristo,
pelo poder do Espírito Santo. Amém.

Subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017



Bem-aventurados os pacificadores


Para motivar a reflexão e a oração, acolhendo uma sugestão de "Misa Dominical" (2017/2), propomos para cada dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos uma breve fragmento de escritos de alguns autores não católicos e para o primeiro e último dia oferecemos dois textos do decreto do II Concílio do Vaticano sobre o ecumenismo.

Quinto dia

«Bem-aventurados os pacificadores. Pacificador é quem, quando tem ocasião, faz o bem a todo o mundo; quem, cheio do amor de Deus e de toda a humanidade, não limita a expressão do seu amor à sua família, aos seus parentes e amigos, aos membros dos partidos ou grupos ideológicos com maior afinidade com o seu pensamento; nem se reduz àqueles que participam da mesma fé preciosa. Ultrapassa estes limites estreitos e procura fazer o bem a todos, e manifesta o seu amor a próximos e estranhos, a amigos e inimigos. Faz o bem a todos quando tem oportunidade, quer dizer, em todas as ocasiões possíveis, utilizando a sua capacidade, o seu poder e as faculdades da alma e do corpo, os recursos económicos, os interesses e a reputação».

John Wesley,
Anglicano metodista do século XVIII

21/01/2017

O mundo antigo passou (2 Coríntios 5,17)

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Reflexão para o quarto dia


Génesis 19,15-26: Não olhes para trás
Salmo 77,5-15: Deus é sempre fiel
Filipenses 3,7-14: Esquecendo o que ficou para trás
Lucas 9,57-62: Conserva a tua mão no arado

Comentário

Frequentemente vivemos do passado. Olhar para trás pode ser útil, e às vezes é necessário para a cura de nossas memórias. Mas também nos pode paralisar e impedir de viver o presente. A mensagem de Paulo aqui é libertadora: tudo o que é passado ficou para trás.
A Bíblia estimula-nos a conservar na mente o passado, a buscar fortalecimento a partir das nossas memórias, e a lembrar o bem que Deus tem feito. No entanto, também nos pede para abandonarmos o que está ultrapassado, mesmo o que foi bom, para que possamos seguir Cristo e viver nele uma nova vida.
Durante este ano, o trabalho de Martinho Lutero e de outros reformadores está a ser comemorado por muitos cristãos. A Reforma mudou muita coisa na vida da Igreja ocidental. Muitos cristãos deram heroico testemunho e muitos foram renovados na sua vida cristã. Ao mesmo tempo, como mostra a Escritura, é importante não ficarmos limitados ao que aconteceu no passado, mas deixarmos que o Espírito Santo abra para nós um novo futuro no qual a divisão está superada e o povo de Deus se completa na unidade.

Questões

- O que é que podemos aprender lendo juntos a história das nossas divisões e da nossa mútua desconfiança?
- O que é que precisa de mudar na minha Igreja para que as divisões possam ser superadas e o que nos une possa ser fortificado?

Oração

Senhor Jesus Cristo,
o mesmo, ontem, hoje e para sempre,
cura as feridas do nosso passado,
abençoa a nossa peregrinação na direção da unidade hoje
e guia-nos para o futuro,
quando serás tudo em todos,
com o Pai e o Espírito Santo,
para todo o sempre. Amém.

Subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017

O amor fraterno entre todos os que temos em comum um Pai tão excelso

Para motivar a reflexão e a oração, acolhendo uma sugestão de "Misa Dominical" (2017/2), propomos para cada dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos uma breve fragmento de escritos de alguns autores não católicos e para o primeiro e último dia oferecemos dois textos do decreto do II Concílio do Vaticano sobre o ecumenismo.

Quarto dia

«Não somente quis que lhe chamássemos Pai, mas, especificamente, nosso. É como se lhe pedíssemos desta forma: Pai, que és tão indulgente com os teus filhos, a quem custa tão pouco perdoar, nós teus filhos chamamos-te e pedimos-te, seguros e plenamente convencidos de que, ainda que totalmente indignos de um tal Pai, não nos mostrarás outro afeto que o paternal. Com isto não te chamaremos cada um em particular Deus Pai meu, mas é necessário que todos em comum te chamemos Pai nosso, o que nos adverte sobre quão grande tem de ser o sentimento de amor fraterno que deve existir entre todos os que temos em comum um Pai tão excelso».

João Calvino
Reformador do século XVI

20/01/2017

Não conhecemos ninguém à maneira humana (2 Coríntios 5,16)

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Reflexão para o terceiro dia

1 Samuel 16,1.6-7: O Senhor não vê as aparências, mas o coração
Salmo 19,7-13: O mandamento do Senhor é límpido, ilumina os olhos
Atos 9,1-19: Saulo torna-se Paulo
Mateus 5,1-12: As Bem-aventuranças

Comentário

O encontro com Cristo transforma tudo. Paulo teve essa experiência na estrada para Damasco. Pela primeira vez ele pode ver Jesus como aquele que ele realmente era: o Salvador do mundo. O seu ponto de vista foi completamente mudado. Ele teve de deixar de lado o seu julgamento humano, marcado pelo mundo.
O encontro com Cristo muda igualmente a nossa perspetiva. No entanto, frequentemente ficamos no passado e julgamos por critérios humanos. Fazemos coisas ou proclamações “em nome do Senhor” que, na verdade, podem estar apenas ao nosso serviço. Ao longo da história, na Alemanha e em muitos outros países, tanto os governantes como as próprias Igrejas têm usado mal o seu poder e a sua influência em busca de objetivos políticos injustos.
Transformados pelo seu encontro com Cristo, em 1741, os cristãos da Igreja Morávia (Herrnhuter) responderam ao chamamento para não olharem ninguém a partir de um ponto de vista humano, escolhendo “submeter-se à lei de Cristo”. Para nos submetermos à lei de Cristo hoje, somos chamados e ver os outros como Deus os vê, sem desconfiança ou preconceito.

Questões

- Onde posso identificar experiências como essa de Damasco na minha vida?
- O que muda quando percebemos outros cristãos ou pessoas com outros tipos de fé do modo como Deus as vê?

Oração

Deus Uno e Trino, és a origem 
e o objetivo de todas as coisas vivas;
perdoa-nos quando só pensamos em nós mesmos 
e ficamos cegos por causa dos nossos próprios padrões;
abre os nossos corações e os nossos olhos;
ensina-nos a ser amáveis, acolhedores e generosos,
para que possamos crescer na unidade que é dom teu.
A ti a honra e o louvor, agora e para sempre. Amém.

Subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017

O justo viverá pela fé

Para motivar a reflexão e a oração, acolhendo uma sugestão de "Misa Dominical" (2017/2), propomos para cada dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos uma breve fragmento de escritos de alguns autores não católicos e para o primeiro e último dia oferecemos dois textos do decreto do II Concílio do Vaticano sobre o ecumenismo.

Terceiro dia

«Detestava a expressão justiça divina, que segundo o uso e o costume dos doutores, sempre fora entendida em sentido filosófico, como justiça formal e ativa em virtude da qual Deus é justo e castiga os pecadores e os injustos. Até que, graças à piedade divina, depois de ter meditado noite e dia, compreendi a relação entre duas passagens concatenadas: «A justiça divina revela-se n'Ele» e «Como diz a Escritura, o justo viverá pela fé» (Rom 1,7). Compreendi que a justiça divina não é senão aquela pela qual o justo vive o dom de Deus, quer dizer, a fé em Jesus Cristo, e que o significado da frase era este: por meio do Evangelho revela-se a justiça de Deus, aquela justiça passiva pela qual Deus misericordioso nos faz justos pela fé. Senti-me um homem renascido e vi abertas de par em par as portas do paraíso. Toda a escritura me apareceu com um novo rosto».

Martinho Lutero
Reformador do século XVI

19/01/2017

Não vivam mais para si mesmos (2 Coríntios 5,15)

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Reflexão para o segundo dia

Miqueias 6,6-8: Deus te deu a conhecer o que é bom
Salmo 25,1-5: Dá-me a conhecer os teus caminhos, Senhor
1 João 4,19-21: Amamos porque Deus nos amou primeiro
Mateus 16,24-26: Quem perder sua vida por minha causa irá salvá-la

Comentário

Pela morte e ressurreição de Jesus Cristo, fomos libertados da necessidade de criar o nosso próprio sentido e de viver somente pela nossa própria força. Em vez disso, vivemos no poder doador de vida de Cristo, que viveu, morreu e se ergueu de novo por nós. Quando “perdemos” a nossa vida por causa dele, ganhamo-la.
Os profetas viram-se constantemente motivados por questões que dizem respeito ao modo de viver diante de Deus. O profeta Miqueias achou uma resposta bem clara para para isso: “respeitar o direito, amar a fidelidade e caminhar humildemente com teu Deus”. O autor do salmo 25 sabia que não podemos fazer isso sozinhos e clamou a Deus por orientação e força.
Nos últimos anos, o isolamento social e a crescente solidão têm se tornado temas importantes na Alemanha, bem como em muitas sociedades contemporâneas. Os cristãos são chamados a desenvolver novas formas de vida comunitária em que partilhamos os nossos meios de vida com outros e alimentamos o apoio entre as gerações. O chamamento do Evangelho a viver não para nós mesmos mas para Cristo é também um chamamento para ir ao encontro de outros e derrubar barreiras de isolamento.

Questões

- Como é que a nossa cultura nos tenta a vivermos só para nós mesmos e não para outros? 
- De que maneiras podemos viver para os outros em nossa vida quotidiana? 
- Quais são as implicações ecuménicas do chamamento para não vivermos mais somente para nós mesmos?

Oração

Deus nosso Pai,
em Jesus Cristo nos libertaste para uma vida 
que vai além de nós mesmos;
orienta-nos com teu Espírito
e ajuda-nos a orientar as nossas vidas 
como irmãs e irmãos em Cristo,
que viveu, sofreu, morreu e ressuscitou por nós,
e que vive e reina para todo sempre. Amém.

Subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos cristãos 2017

Pelo facto de se comunicar, Cristo converteu-se em crisma, unção derramada

Para motivar a reflexão e a oração, acolhendo uma sugestão de "Misa Dominical" (2017/2), propomos para cada dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos uma breve fragmento de escritos de alguns autores não católicos e para o primeiro e último dia oferecemos dois textos do decreto do II Concílio do Vaticano sobre o ecumenismo.

Segundo dia

«O Senhor é Cristo, quer dizer o Ungido, não porque tenha recebido um unguento derramado sobre a sua cabeça, mas por meio do Espírito Santo, de modo que se converteu em fonte de toda a energia espiritual para a natureza humana assumida por Ele. Não é somente o Ungido, mas a própria unção, como se diz: «O teu nome é perfume derramado» (Ct 1,3). Ungido desde o princípio e depois unguento. Enquanto não existia nada a quem a divindade comunicasse o que lhe é próprio, o Ungido era um unguento que permanecia em si mesmo; mas ao ter-se formado a sua carne bem-aventurada, que recebeu toda a plenitude da divindade (Col 2,9), à qual Deus infundiu o seu Espírito abundantemente e a quem infundiu toda a riqueza da sua natureza, então o azeite derramado na sua cabeça é com razão denominado crisma e assim o é. Com efeito, pelo facto de se comunicar, Cristo, o Ungido, converteu-se em crisma, unção derramada.

Nicolás Cabásilas
Ortodoxo bizantino do século XIV

18/01/2017

Um morreu por todos (2 Coríntios 5,14)

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Reflexão para o primeiro dia

Isaías 53,4-12: Ele deu a sua vida como um sacrifício de reparação
Salmo 118,1.14-29: Deus não me entregou à morte
1 João 2,1-2: Cristo morreu por todos
João 15,13-17: Dando sua vida por aqueles a quem ama
  
Comentário

Quando Paulo se converteu a Cristo, chegou a uma nova radical compreensão: uma pessoa tinha morrido por todos. Jesus não morreu simplesmente pelo seu próprio povo, não apenas por aqueles que simpatizavam com seus ensinamentos. Ele morreu por todas as pessoas, do passado, do presente e do futuro. Fiéis ao Evangelho, muitos cristãos ao longo dos séculos entregaram as suas vidas pelos seus amigos. Uma dessas pessoas foi o franciscano Maximiliano Kolbe, que esteve preso no campo de concentração de Auschwitz e que em 1941 deu sua vida voluntariamente para que um companheiro de prisão pudesse viver.
Porque Jesus morreu por todos, todos morreram com ele (2 Coríntios 5,14). Morrendo com Cristo, o nosso velho modo de viver torna-se uma coisa do passado e entramos numa nova forma de existência: vida abundante – uma vida na qual podemos experimentar consolo, confiança e perdão, ainda hoje – uma vida que continua a ter sentido depois da morte. Essa nova vida é vida em Deus.
Tendo chegado a essa conclusão, Paulo sentiu-se compelido pelo amor de Cristo a pregar a Boa Nova da reconciliação com Deus. As Igrejas cristãs partilham essa mesma missão de proclamar a mensagem do Evangelho. Precisamos nos perguntar como podemos proclamar esse evangelho da reconciliação perante as nossas divisões.

Questões

- O que significa dizer que Jesus morreu por todos? 
- O pastor alemão Dietrich Bonhoeffer escreveu: “Sou um irmão para outra pessoa através daquilo que Jesus Cristo fez por mim e para mim; a outra pessoa tornou-se uma irmã para mim através do que Jesus fez por ela”. Como é que isso afeta o nosso modo de ver os outros? 
- Quais são as consequências disso para o diálogo ecuménico e inter-religioso?

Oração

Deus nosso Pai, 
em Jesus deste-nos aquele que morreu por todos;
Ele viveu a nossa vida e morreu a nossa morte;
aceitaste o seu sacrifício e o elevaste à nova vida contigo;
concede que nós, que morremos com ele,
nos tornemos um pelo Santo Espírito
e vivamos na grandeza da tua divina presença
agora e para sempre. Amém.

Subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017

Incorporados em Cristo e reconhecidos como irmãos no Senhor


Para motivar a reflexão e a oração, acolhendo uma sugestão de "Misa Dominical" (2017/2), propomos para cada dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos uma breve fragmento de escritos de alguns autores não católicos e para o primeiro e último dia oferecemos dois textos do decreto do II Concílio do Vaticano sobre o ecumenismo.

Primeiro dia

«Comunidades não pequenas separaram-se da plena comunhão da Igreja católica, algumas vezes não sem culpa dos homens dum e doutro lado. Aqueles, porém, que agora nascem em tais comunidades e são instruídos na fé de Cristo, não podem ser acusados do pecado da separação, e a Igreja católica abraça-os com fraterna reverência e amor. Pois que crêem em Cristo e foram devidamente batizados, estão numa certa comunhão, embora não perfeita, com a Igreja católica.
De facto, as discrepâncias que de vários modos existem entre eles e a Igreja católica - quer em questões doutrinais e às vezes também disciplinares, quer acerca da estrutura da Igreja - criam não poucos obstáculos, por vezes muito graves, à plena comunhão eclesiástica. O movimento ecuménico visa a superar estes obstáculos. No entanto, justificados no Batismo pela fé, são incorporados a Cristo, e, por isso, com direito recebem o nome de cristãos e são reconhecidos justamente pelos filhos da Igreja católica como irmãos no Senhor».

II Concílio do Vaticano, Unitatis Redintegratio, 3.

Roteiro Ecuménico de Oração 2017 no Grande Porto


12/01/2017

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 no Porto

Disponibilizamos os cartazes preparados pela Comissão Ecuménica do Porto para a divulgação da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017:




«Reconciliação | É o amor de Cristo que nos impele» (2 Cor 5, 14-20): Subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017

Reconciliação – É o amor de Cristo que nos impele 

(cf. 2 Coríntios5,14-20)

Alemanha: A terra da Reforma Luterana

Em 1517 Martinho Lutero expressou preocupações sobre o que ele via como abusos na Igreja de seu tempo, tornando públicas suas 95 teses. Em 2017 temos o 500º aniversário desse evento chave dos movimentos de reforma que marcaram a vida da Igreja ocidental por vários séculos. Esse evento tem sido tema de controvérsia na história das relações intereclesiais na Alemanha, e não menos nestes últimos anos. A Igreja Evangélica na Alemanha (EKD) tem estado a preparar-se para esse aniversário desde 2008, focalizando a cada ano um aspecto particular da Reforma, como, por exemplo: a Reforma e a Política ou a Reforma e a Educação. A EKD também convidou seus parceiros ecuménicos a vários níveis para ajudar a comemorar os eventos de 1517.
Depois de extensas, e às vezes difíceis, discussões, as Igrejas na Alemanha concordaram que o caminho para comemorar ecumenicamente essa Reforma deveria ser uma Christusfest – uma Celebração de Cristo. Se a ênfase fosse colocada em Jesus Cristo e no seu trabalho de reconciliação como centro da fé cristã, então todos os parceiros ecuménicos da EKD (católicos romanos, ortodoxos, batistas, metodistas, menonitas e outros) poderiam participar das festividades desse aniversário.
Considerando-se o facto de que a história da Reforma foi marcada por uma dolorosa divisão, esse foi um importante avanço. A Comissão Luterana-Católica Romana sobre a Unidade tem trabalhado com afinco para produzir uma compreensão partilhada dessa comemoração. O seu importante documento, Do Conflito à Comunhão, reconhece que ambas as tradições abordam esse aniversário numa era ecuménica, após as conquistas de cinquenta anos de diálogo e com novas compreensões da sua própria história e teologia. Deixando à parte o que é polémico, nas visões teológicas da Reforma, os católicos agora são capazes de ouvir o desafio de Lutero para a Igreja de hoje, reconhecendo-o como uma “testemunha do evangelho” (Do Conflito à Comunhão 29). E assim, depois de séculos de condenações e depreciações mútuas, em 2017 cristãos luteranos e católicos irão pela primeira vez comemorar juntos o começo da Reforma.
A partir desse acordo e do ampliado contexto ecuménico emerge o forte tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos deste ano: “Reconciliação: é o amor de Cristo que nos impele (cf. 2 Coríntios 5,14).

Remetemos para os Subsídios Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017, preparados pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial das Igrejas: