31/12/2023

A diaconia do diálogo e da unidade



Lectio magistralis proferida por Bartolomeu I, Patriarca de Constantinopla, a 23 de novembro de 2023, na abertura do Ano Letivo 2023/2024 da Pontifícia Faculdade Teológica da Itália Meridional, quando lhe foi conferido o Doutoramento honoris causa em Sagrada Teologia.




Ex.cia Rev.ma Arcebispo Metropolita de Nápoles, D. Domenico Battaglia, Magno Chanceler do Instituto,
Ἱερώτατε Μητροπολίτα Ἰταλίας καί Μελίτης, κ. Πολύκαρπε*,
Ilustríssimo Magnífico Reitor, Prof. Francesco Asti, Distintas Autoridades Académicas,
Eminências, Excelências, Todas as Autoridades, Caríssimos Convidados,
Irmãos e Irmãs em Cristo,

Com sentimentos de verdadeira gratidão, estamos mais uma vez nesta esplêndida e histórica cidade de Nápoles, para receber um prestigiado reconhecimento desta Pontifícia Faculdade de Teologia, pelo nosso compromisso e contributo no diálogo inter-religioso e no movimento ecuménico.
Agradecendo desde já a vossa atenção, desejamos, no entanto, aceitá-lo não tanto pela nossa Modéstia, mas pelo compromisso que a Igreja de Constantinopla, o Patriarcado Ecuménico, tem desenvolvido ao longo dos séculos para manter e consolidar a comunhão canónica entre as Igrejas Irmãs que constituem a Igreja Ortodoxa, ou seja, os antigos Patriarcados e as Igrejas Autocéfalas. Mas também pelo compromisso assumido na procura da recomposição da unidade cristã visível entre as várias Igrejas do Oriente e do Ocidente.
Esta diaconia própria da Grande Igreja de Cristo exprime a sua visão e missão profética e essencial ao longo dos séculos, facto que a nossa Modéstia assumiu inteiramente no seu ministério patriarcal e espiritual, que, por benevolência de Deus, se prolonga há já mais de 32 anos.

Um esplêndido mosaico

A história eclesiástica do primeiro milénio é certamente uma história de uma riqueza e de uma produção teológica excecionais, na qual – graças às formulações dos grandes Concílios Ecuménicos e Locais e ao surgimento da teologia patrística – a cristologia, a eclesiologia, a fé e oração da Igreja, bem como a antropologia cristã encontram o seu desenvolvimento fundamental, que estará na base da vida da Igreja até aos nossos dias, no âmbito do grande conceito de Tradição viva, que de certo modo realiza a profecia bíblica e o anúncio do Salvador, tornando a sua mensagem «sempre a mesma e sempre nova» ao longo dos séculos.
A esse respeito, da Igreja dos primeiros séculos chega até nós hoje a notável expressão do grande Padre Santo Atanásio, Patriarca de Alexandria, que afirmava existir «ἐξ ἀρχῆς παράδοσις καί διδασκαλία καί πίστις τῆς καθολικῆς Ἐκκλησίας, ἥν μέν Κύριος ἔδωκεν, οἱ δέ Ἀπόστολοι ἐκήρυξαν, καί οἱ πατέρες ἐφύλαξαν. Ἐν ταὐτῃ γάρ ἡ Ἐκκλησία τεθεμελίωται» – «desde o início tradição, doutrina e fé da Igreja Católica, que o Senhor entregou, os Apóstolos anunciaram e os Padres conservaram. Nelas, portanto, foi fundada a Igreja».
Este processo não foi indolor na história eclesiástica, devido a divisões provocadas muitas vezes pelo uso de diferentes categorias de pensamento e de expressões linguísticas frequentemente pouco inclusivas. O distanciamento entre as Famílias Cristãs, causado por diversos fatores não só eclesiásticos, mas também culturais, e ainda pelas perturbações políticas do tempo, provocou uma divisão que pesou não só na esfera propriamente eclesiástica, ou melhor, eclesiológica, mas sobretudo na acutilância do anúncio do Evangelho, cujas consequências favoreceram o aparecimento de novas identidades religiosas.
Este fervor e este fermento de pensamento e de atitude já se pode observar na Comunidade de Jerusalém e no Concílio dos Apóstolos. No entanto, a riqueza teológica e as consequentes divisões que provocaram cismas e heresias na história cristã do primeiro milénio não ofuscam a própria identidade da Igreja, na qual o dito paulino continua a ser um dos eixos fundamentais: «Já não há judeu nem grego; já não há escravo nem livre; já não há homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus» (Gal 3,28).
Não se trata apenas da autoconsciência de sermos um em Cristo, mas sobretudo de um mandato preciso do Senhor a sermos um – «Para que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me mandaste» (Jo 17,21) –, representação de um esplêndido mosaico em que cada pedra tem o seu preciso lugar.
Mas se uma pedra se danifica e deteriora o mosaico, ou melhor, deteriora o que nele está representado (Escritura, Eucaristia, Igreja), essa pedra não deixa de pertencer ao conjunto do mosaico. Isso significa que mesmo as Comunidades que surgiram depois dos Concílios de Éfeso e Calcedónia, ainda que em cisma ou heresia, continuam a desenvolver a consciência de pertencerem ao único mosaico.
Por outras palavras, a divisão, o cisma ou a heresia, mesmo que privem da comunhão, não privam da pertença à única Igreja de Cristo, da mesma forma que a doença de um órgão do corpo não torna o próprio órgão estranho ao corpo.

Divisões e consciência da unidade

A Grande Igreja Bizantina, nos séculos VIII e IX e depois no século XI, no auge de um confronto entre o Oriente e o Ocidente, mais sociocultural do que eclesiológico, ainda que muitas vezes polémico, não suscita dúvidas quanto à pertença de todos ao único Corpo do Senhor.
Não obstante as excomunhões entre o Cardeal Humberto de Silva Cândida, legado do Papa Leão IX, e o Patriarca Miguel I Cerulário, a 16 de julho de 1054, a consciência de ser «Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica» continua a ser comum.
Esta consciência, apesar do desenvolvimento de uma eclesiologia diferente, de tipo mais jurisdicional no Ocidente e de tipo mais dogmático e canónico-disciplinar no Oriente, será abalada a 12 de abril de 1204 com o saque de Constantinopla e a entronização de Patriarcas latinos em Constantinopla, Antioquia e Jerusalém. Mas só a polémica decorrente do vislumbrar de costumes diferentes e a absolutização das suas próprias tradições é que levaram as Igrejas – como escreveu o teólogo Yves Congar – «a verem-se divididas sem nunca se terem formalmente separado».
Estas divisões e implicações formais não resultaram, contudo, numa perda de consciência da identidade cristã de pertença à única Igreja de Cristo. Graças a esta consciência, as tentativas unionistas do Concílio de Lião, em 1274, e do Concílio de Ferrara-Florença, nos anos 1431-1443, para além dos resultados alcançados, não podem ser consideradas historicamente como fenómenos de “englobamento”, antecipações da teoria do “regresso” do Oriente a Roma, fenómeno aliás então desconhecido, nem mesmo uma mera atitude política de defesa dos Imperadores Bizantinos face ao avanço dos Turcos.
Não podemos certamente negar uma motivação resultante da situação contingente. Contudo, a participação das Igrejas nestes Concílios manifesta concretamente o reconhecimento a priori do outro na sua identidade eclesiológica comum. Até as polémicas e os argumentos então acaloradamente debatidos continuam a ser um elo entre o Oriente e o Ocidente.

O diálogo torna-se monólogo

A incapacidade dos cristãos da época, sobretudo as hierarquias eclesiásticas, de encontrarem soluções para a diferente abordagem do pensamento teológico, favoreceu certamente, séculos mais tarde, o aparecimento de uma nova “identidade” eclesial, saída primeiro da Reforma Protestante e depois da Contrarreforma e das suas consequências.
Temos de reconhecer que existe até à Contrarreforma alguma forma de diálogo (δια-λόγος) entre as grandes Famílias Cristãs da época.
A Reforma e a Contrarreforma não podem ser consideradas uma problemática ou uma situação dinâmica e contingente da Igreja do Ocidente. O afirmar do valor “absoluto” da Igreja Romana na Cristandade altera os pressupostos da sinfonia e sinodalidade da Igreja do primeiro Milénio e abre um sulco intransponível também no que respeita ao Oriente.
Lutero e os Reformadores a princípio viram com bons olhos a parte da Cristandade não sujeita ao bispo de Roma e procuraram uma ligação com a Cristandade Oriental, no pressuposto da única pertença à igreja. Mas os argumentos apresentados ao Patriarca de Constantinopla e as observações formuladas pelos teólogos orientais e pelo Patriarca Germanos II Trános aos Teólogos de Tubinga não satisfazem os Reformadores.
Os encontros entre a Ortodoxia e a Reforma exprimiram, mesmo assim, uma vontade de escuta. Temos os exemplos do Patriarca Cirilo Lukaris ou as páginas esplêndidas escritas sobre a relação dos Pastores Luteranos Alemães com o Czar da Rússia Ivan, o Terrível. A Confessio Augustana chega ao Oriente traduzida em grego, mas o Oriente responde com a sua fidelidade à Tradição da Igreja Indivisa.
A Contrarreforma, para conter a onda protestante, absolutiza a sua própria presença, e o diálogo torna-se monólogo (μόνος-λόγος). O mosaico inicial parte-se, e as pedras – os vínculos entre as Igrejas – embora enfraquecidas, já não são reconhecidas como parte da mesma obra de Deus.
Surge assim a teoria do “regresso” que provocou páginas trágicas nas relações entre o Oriente e o Ocidente: o Uniatismo. Este fenómeno, segundo o qual uma Igreja Oriental local, conservando toda a sua herança litúrgica e soteriológica, reconhece a supremacia do Romano Pontífice (Ucrânia – União de Brest-Litovsk, 1596; Ruténia – União de Užhorod, 1646; Transilvânia – União de Alba Júlia, 1698) marcará uma das páginas mais negras da história eclesiástica do segundo milénio, cujas consequências pesaram nas relações entre as Igrejas quase até aos nossos dias.

Unidade sem “regresso”

O monólogo impede o encontro com o outro, o crescimento e a capacidade de saborear todos os dons que Deus concedeu à Igreja. Contudo, mesmo esta situação de isolamento produziu alguns frutos, cujos resultados serão visíveis no século XX, na época do Ecumenismo e do encontro.
Os Bispos de Roma, no século XIX, voltam a procurar uma aproximação ao Oriente, através das cartas aos Patriarcas Orientais, enviadas pelo Papa Pio IX em 1848 e, mais tarde, pelo Papa Leão XIII em 1895. A resposta à primeira carta é expressa na Encíclica dos Patriarcas Orientais, que constitui um verdadeiro tratado teológico que, mais tarde, lançará as bases para as Encíclicas Patriarcais de 1902, 1920 e 1952 sobre a unidade das Igrejas Cristãs.
Nesta Encíclica, é expressa de forma clarividente a primeira hipótese de diálogo teológico:

«A unidade deve ser realizada sem qualquer regresso – como diz Sua Santidade (Pio IX) –, mas sem pressa... depois de consultas com os bispos, teólogos e doutores mais sábios, religiosos que amam da verdade e prudentes, que se encontram atualmente, graças à boa providência de Deus, em todas as nações do Ocidente».

Na Encíclica, os Patriarcas dirigem-se a Pio IX chamando-lhe, em todo o caso, «Bispo da Antiga Roma», mantendo no Oriente a consciência de única pertença que nem o erro pode destruir: «A Igreja de Cristo não pode ser dividida!».
A própria resposta do Patriarca Anthimos IV a Leão XIII tem elementos dignos de nota: entre eles está o seu apelo aos «povos dos gloriosos países do Ocidente que amam a Cristo», para os convidar «não a regressar», mas «a redescobrir a salutar fé de Cristo, reta em todas as coisas e em conformidade com a Sagrada Escritura e as Tradições Apostólicas, nas quais se baseia o ensinamento dos divinos Padres e dos Sete Concílios Ecuménicos».

A viragem ecuménica do século XX

Sem este breve excursus histórico, não podemos compreender o alcance para toda a Igreja dos acontecimentos do século XX. Um conhecido teólogo católico, o P. Le Guillon, dizia que o Movimento Ecuménico veio simplesmente cumprir uma vocação proveniente de dentro do próprio mundo ortodoxo.
Referia-se às Encíclicas Patriarcais, a primeira de 1902, na qual o Patriarcado Ecuménico convidava as Igrejas Ortodoxas a uma maior cooperação entre si e a «perguntarem-se se é chegado o tempo de uma reunião preparatória para uma aproximação recíproca e amigável» às outras «Vinhas do Cristianismo», «fazendo uso de concessões, onde for lícito, não considerando como condição indispensável a rigidez e a uniformidade estática em coisas não substanciais, habituada (a Igreja) pela sua vida colegial à unidade na variedade», e depois a segunda Encíclica de 1920, dirigida «a todas as Igrejas de Cristo em toda a parte», que se pode dizer, com razão, que representa o primeiro manifesto do ecumenismo contemporâneo, claro e rico em propostas.
Redigida pelos teólogos da reputada Faculdade de Teologia de Chalki (Constantinopla), dirige um convite às Igrejas a estabelecerem uma «κοινωνία τῶν Ἐκκλησιῶν» – uma comunhão das Igrejas – e convida as Igrejas a colaborarem para eliminarem a desconfiança e reforçarem o amor cristão, de modo a poderem depois chegar a reuniões de cariz dogmático. Propõe, assim, um Conselho de Igrejas, na esteira da já constituída Sociedade das Nações. A propósito, recordamos que o Conselho Mundial das Igrejas nascerá 28 anos depois, em Amesterdão, em cuja assembleia apenas participarão, pela Igreja Ortodoxa, o Patriarcado Ecuménico e a Igreja Russa da Diáspora. Em 1925, em Estocolmo, no primeiro Congresso Mundial da Comissão «Vida e Ação», estarão presentes as Igrejas de Constantinopla, Alexandria, Jerusalém, Roménia, Bulgária, Grécia e Chipre, tal como em Oxford, em 1937.
Não podemos deixar de mencionar a figura do nosso grande predecessor, o Patriarca Atenágoras, um visionário, um sonhador da unidade das Igrejas de Cristo, o profeta do «diálogo do amor». A sua famosa Encíclica de 1952 convocava as Igrejas Ortodoxas para encontrarem modos e meios de colaboração entre as Igrejas e para participarem no Conselho Mundial das Igrejas.
O impulso, na sequência da convocação do II Concílio do Vaticano, com vista à preparação um futuro Concílio da Igreja Ortodoxa através das Conferências Pan-Ortodoxas de Rodes (1961, 1963, 1964), o encontro com o Papa Paulo VI em Jerusalém, em Roma e em Constantinopla, a anulação recíproca das “excomunhões”, todos estes elementos caraterizaram o seu patriarcado, mas também abriram um caminho sem regresso para o encontro de todas as Igrejas Cristãs.

Igrejas irmãs

O primeiro resultado de todos estes acontecimentos foi o reconhecimento como «Igrejas Irmãs» (no início parecia mais oportuno chamarem-se «Igrejas amigas») e o início dos grandes diálogos teológicos: a) com a Igreja Católica Romana; b) com as Antigas Igrejas Orientais; c) com a Igreja Veterocatólica e a Igreja Anglicana; d) com a Igreja Luterana e as Igrejas Reformadas. Os anos 70 e 80 foram ricos deste ponto de vista.
Ao mesmo tempo, também vieram à luz vários diálogos bilaterais. O Conselho Mundial das Igrejas também desenvolveu numerosos temas comuns, de caráter social, com os quais, no entanto, a Igreja Ortodoxa não estava muitas vezes plenamente de acordo.
A isto acresce o grande impacto que a Escola de Paris teve no encontro dos grandes teólogos da Diáspora com o Ocidente, entre os quais N. Nissiotis, P. Nellas, P. Evdokimov, A. Schmemann, J. Meyendorff, O. Clement, D. Stanilaoe, D. Popescu, representantes da síntese teológica neopatrística, mas também G. Florovsky, P. Florensky, S. Bulgakov, V. Lossky, P. Afanassiev, C. Yannaras e outros.
Infelizmente, o século XX, tal como viu a sua história geral ser prenúncio de grandes descobertas e melhorias da vida humana, foi também um século de grandes catástrofes humanas, designadamente guerras mundiais, conflitos e genocídios em muitas partes do mundo.
Do mesmo modo, a vida das Igrejas, revigorada pelo novo caminho da história da teologia e do diálogo, também teve de enfrentar novos desafios, abrandamentos bruscos e, por vezes, até conflitos ditados pelo nacionalismo, por um certo sectarismo, pela crise económica, por uma liberdade – após a queda do muro – que, em vez de abrir os corações e as mentes, favoreceu medos e rivalidades entre os cristãos. Até os próprios diálogos teológicos foram repensados. Contudo, voltámos pessoalmente a chamar a atenção de todos para o lema: «persistência e paciência» (Creta 2009).

Um novo início

Caros Amigos,

Pela graça do Senhor, estamos sentados no Trono Apostólico e Patriarcal de Constantinopla há mais de 30 anos e, seguindo também o exemplo luminoso dos nossos bem-aventurados Predecessores, nunca duvidámos de que o diálogo é o único caminho que o Senhor nos indica, se quisermos ser seus discípulos: «para que todos sejam um» (Jo 17,21).
A Santa e Grande Igreja de Cristo, o Patriarcado Ecuménico, não possui grandes recursos: «A fragilidade dos recursos humanos e materiais de Constantinopla, o seu sufoco e os seus sofrimentos nas atuais circunstâncias históricas são o que garante a perenidade da sua imparcialidade e aumenta o seu prestígio». Como diz o Senhor ao apóstolo Paulo: «O meu poder manifesta-se plenamente na fraqueza» (2 Cor 12,9).
Foi com esta certeza que encarámos o papel que os Concílios Ecuménicos confiaram à Igreja de Constantinopla no seio da Ortodoxia e no mundo cristão. É por isso que nunca duvidámos da importância do diálogo, promovendo e tomando iniciativas relevantes para apoiar o movimento ecuménico, contribuindo para o crescimento do Conselho Mundial de Igrejas e da Conferência das Igrejas Europeias.
Não menos importante, àqueles que se apresentam como zelotes e defensores da Ortodoxia, proclamámos que

«A Igreja Ortodoxa não precisa nem de fanatismo nem de intolerância para se proteger. Quem acredita que a Ortodoxia possui a verdade não teme o diálogo, porque a verdade nunca é posta em perigo pelo diálogo. Pelo contrário, quando todos hoje procuram superar as suas diferenças através do diálogo, a Ortodoxia não pode proceder com intolerância e fanatismo. Tende plena confiança na vossa Igreja Mãe. Ela preservou a Ortodoxia de modo inalterado ao longo dos séculos e transmitiu-a a outros povos. Ainda hoje se esforça, em condições difíceis, para manter a Ortodoxia vital e venerável em todo o mundo» (Domingo da Ortodoxia 2010).

Quatro axiomas

O nosso papel patriarcal tem-se expressado em quatro axiomas principais: 1) Unidade visível da Igreja Ortodoxa; 2) Diálogo e colaboração com todas as Igrejas Cristãs; 3) Diálogo e colaboração com as religiões do mundo e principalmente com o Judaísmo e o Islão; 4) Justiça, Paz, Unidade da Família Humana e Salvaguarda da Criação.

1) Unidade visível da Igreja Ortodoxa

Desde a nossa elevação ao Trono Ecuménico, reunimos várias Synaxis dos Primazes das Igrejas Ortodoxas, para regular temas de interesse comum e resolver incompreensões com vista a um testemunho comum no mundo.
O nosso papel de Patriarca Ecuménico, a despeito daqueles que gostariam de nos atribuir o título de Papa do Oriente, de acordo com os cânones da Igreja, nunca foi entendido como um modelo secular de expansionismo, mas é propriamente espiritual e de serviço à Igreja. Foi por isso que apoiámos e nos empenhámos pelo êxito das Conferências e Comissões preparatórias do Grande Concílio que – apesar de algumas defeções por ambição ou por hesitações – se realizou na ilha de Creta em 2016.
O Santo e Grande Concílio da Igreja Ortodoxa produziu documentos importantíssimos para a vida da Igreja e dos Cristãos de hoje e abriu caminho a ulteriores aprofundamentos de muitos temas do mundo moderno.
Não nos assusta hoje a posição de algumas Igrejas locais que criticam o nosso papel: assusta-nos mais o seu apoio a uma guerra injusta, como infelizmente ainda estamos a assistir na Ucrânia, e assusta-nos a relutância de outras Igrejas em condenar estas atitudes.

2) Diálogo e colaboração com todas as Igrejas Cristãs

Quisemos ter relações não só de estima, mas de verdadeira e fraterna amizade com os Primazes das Igrejas Cristãs. De modo particular, recordamos os encontros com três Papas e o facto de, pela primeira vez na história, um Patriarca Ecuménico ter estado presente na entronização do Bispo de Roma, o Papa Francisco, com quem partilhamos um compromisso em muitíssimos campos.
Os diálogos teológicos prosseguem e, mesmo perante as dificuldades, o compromisso continua inabalável. Podemos dizer que a dificuldade da linguagem teológica foi superada com as Antigas Igrejas Orientais e que o diálogo já está quase concluído.
Com a Igreja de Roma, foram abordados os grandes temas e, sobretudo, conseguiu-se concluir a compreensão do papel do Bispo de Roma no Primeiro e no Segundo Milénio. Também com a Igreja Veterocatólica e a Igreja Anglicana e com as Igrejas da Reforma, os diálogos prosseguem e estão a produzir excelentes frutos.

3) Diálogo e colaboração com as religiões do mundo e principalmente com o Judaísmo e o Islão

Os encontros com o Islão são, obviamente, uma constante da Ortodoxia, desde o tempo de São João Damasco, uma vez que muitas das nossas Igrejas vivem diariamente em contacto com os nossos irmãos e irmãs Muçulmanos, e também com os irmãos e irmãs Judeus.
Acreditamos que o nosso conhecimento e compreensão comuns fomentam não só a tolerância mútua, mas também a convivência pacífica e a cooperação em muitos temas da humanidade. O que vemos nestes dias no Médio Oriente não tem nada a ver com a fé destes povos, mas, com demasiada frequência, a fé tem sido invocada para justificar o fanatismo e o integrismo, que redundam muitas vezes em violência. Que ninguém ouse usar o nome de Deus para justificar qualquer violência.

4) Justiça, Paz, Unidade da Família Humana e Salvaguarda da Criação

É impensável que a paz prevaleça no mundo se as religiões não assumirem a regra de ouro da convivência, evocada no Evangelho de Lucas: "«O que quereis que os homens vos façam, fazei-lho vós também» (Lc 6,31). Não há paz sem justiça e não há justiça sem paz.
Temos de estar atentos às necessidades dos mais pobres, o que não significa apenas assistência, mas compreensão das necessidades do outro. A unidade da família humana passa pelo respeito de todos os aspetos da vida, mediante a preservação de todas as tradições culturais, religiosas, artísticas e sociais, no respeito pela própria terra e pela própria tradição. É por isso que o nosso Patriarcado Ecuménico e nós pessoalmente promovemos e participamos em todas as iniciativas que coloquem no centro da sua missão a paz, a justiça e a solidariedade.
Assim, nos últimos anos, temos também pedido a atenção de toda a humanidade para a salvaguarda do ambiente natural, com tudo o que ele contém, dom de Deus que nos colocou nele como bons administradores e não como ávidos exploradores. A nossa batalha não é ecológica, mas espiritual, pois vemos o pecado contra a Criação «tão bela». Conforta-nos o facto de estarmos acompanhados neste caminho pelo nosso irmão Francisco e por tantos outros líderes cristãos e não cristãos.

Amados irmãos e irmãs,

Com este espírito, a Igreja de Constantinopla ao longo dos séculos e nós pessoalmente também hoje continuamos o diálogo sincero e cheio de amor para caminharmos cada vez mais profundamente na relação entre os Cristãos ainda separados.
Temos de proclamar a todos os crentes e a todas as pessoas de boa vontade que o diálogo enriquece e não tira nada. Só assim conseguiremos erradicar fanatismos e conflitos, porque estamos convencidos de que «a paz de Deus supera todo o entendimento» (Fil 4,7) e que

«A caridade é paciente, a caridade é benigna; a caridade não é invejosa, não se vangloria, não se enche de orgulho, não falta ao respeito, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não tem em conta o mal recebido, não se alegra com a injustiça, mas compraz-se com a verdade. Tudo cobre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade nunca terá fim» (1 Cor 13,4-8).

A paz e o amor do Senhor desçam sobre todos vós.

Obrigado pela vossa atenção.

Pontifícia Faculdade Teológica da Itália Meridional – Secção São Tomás, Nápoles, 23 de novembro de 2023

Bartolomeu I
Arcebispo de Constantinopla - Nova Roma e Patriarca Ecuménico



* Arcebispo Policarpo, Metropolita Ortodoxo da Itália e Malta.

13/12/2023

Ecumenismo na cidade do Porto

Desde os anos sessenta do século passado, que o Ecumenismo – movimento suscitado pelo Espírito Santo que visa a unidade visível dos Cristãos – na cidade do Porto, tem um dinamismo particular no contexto português, pois vários clérigos e leigos, tocados pela causa da busca da unidade entre os cristãos, empreenderam diversas iniciativas ecuménicas, que em cada geração produziram frutos.
A atual Comissão Ecuménica do Porto, constituída no ano 2005, composta por clérigos e leigos, foi beber a sua razão de ser às raízes, numa cidade que foi, é, e quer ser “Porto Ecuménico”, onde a promoção de pontes entres as Igrejas, acontece através de propostas regulares patentes no Roteiro Ecuménico de Oração da cidade (www.ecumenismoporto.org).
O encontro realizado a 27 de novembro de 2023, promovido pela Comissão Ecuménica, teve como principal objetivo reunir os líderes das Igrejas de sensibilidade ecuménica da cidade e, num clima de oração e partilha de visões, refletir sobre a atualidade e apontar caminhos de unidade e missão para o ano 2024.
O devocional de abertura sustentou-se nos materiais preparados para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos do ano 2024, que tem como tema «Amarás o Senhor teu Deus… e ao teu próximo como a ti mesmo» (Lc 10,27).
Numa ambiência de confiança e fraternidade, D. Manuel Linda, Bispo da Diocese do Porto da Igreja Católica Romana, partilhou a sua preocupação sobre a problemática da solidão, diversas formas de violência e o número crescente dos sem abrigo na cidade.
Já o Bispo D. Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana – Comunhão Anglicana e presidente do COPIC – Conselho Português de Igrejas Cristãs, referiu o tema das migrações e o seu impacto nas comunidades religiosas, bem como o ano 2024, ano da celebração do 50º aniversário do 25 de abril e a liberdade religiosa em Portugal.
O Bispo Sifredo Teixeira, da Igreja Evangélica Metodista Portuguesa, Bispo fundador da atual Comissão Ecuménica, compartilhou a sua visão sobre a importância do testemunho credível dos cristãos, recordando o sonho do Bispo Católico D. Armindo Lopes Coelho em disponibilizar um espaço físico na cidade do Porto, que diariamente fosse expressão concreta do ecumenismo, no louvor, testemunho e serviço. Numa referência à importância do trabalho com a juventude, desafiou a Comissão Ecuménica a ajudar no relançar dos encontros entre as juventudes das Igrejas e lembrou os cantares de natal na cidade do Porto que se realizavam por altura do Natal.
Seguiu-se um tempo de diálogo que culminou com um jantar na Casa Diocesana de Vilar.
A Celebração Ecuménica ao nível do grande Porto será no dia 25 de janeiro de 2024, último dia do Oitavário de Oração, pelas 21h30, na Paróquia Lusitana do Redentor (Rua Visconde Bóbeda, 54, Porto).

Reverendo Sérgio Alves, Membro da Comissão Ecuménica do Porto
Voz Portucalense (13 dez. 2023)

01/12/2023

Mensagem do Papa Francisco ao Patriarca Bartolomeu de Constantinopla por ocasião da Festa de Santo André

No contexto da tradicional troca de Delegações por ocasião das respetivas festas dos Santos Padroeiros, a 29 de junho em Roma para a celebração de São Pedro e São Paulo e a 30 de novembro em Istambul para a celebração de Santo André, o Cardeal Kurt Koch, Prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, liderou a Delegação da Santa Sé por ocasião da festa do Patriarcado Ecuménico. O Cardeal foi acompanhado pelos outros Superiores do Dicastério, Mons. Brian Farrell, Secretário, e Mons. Andrea Palmieri, Subsecretário. Em Istambul, juntou-se à Delegação o Núncio Apostólico na Turquia, o Arcebispo Marek Solczyński.
A Delegação da Santa Sé participou na Divina Liturgia solene presidida pelo Patriarca Bartolomeu, na Igreja Patriarcal de São Jorge em Fanar, teve um encontro com o Patriarca e manteve conversações com a Comissão Sinodal encarregada das relações com a Igreja Católica.
O Cardeal Koch entregou ao Patriarca Ecuménico uma Mensagem autógrafa do Santo Padre, que leu publicamente no final da Divina Liturgia. Segue-se o texto.

A Sua Santidade Bartolomeu
Arcebispo de Constantinopla
Patriarca Ecuménico

Movido por cordiais sentimentos de afeto fraterno, e recordando os profundos laços de fé, esperança e caridade que unem as Igrejas irmãs de Roma e Constantinopla, envio-vos, caro Irmão em Cristo, fervorosos votos pela festa do Santo Apóstolo André, irmão de São Pedro e protokletos, patrono celeste e protetor da Igreja de Constantinopla e do Patriarcado Ecuménico.
Saúdo também os membros do Santo Sínodo, o clero, os monges e as monjas, bem como todos os fiéis reunidos na Igreja Patriarcal de São Jorge nesta solene ocasião.
A festa de hoje precede a comemoração de um acontecimento verdadeiramente histórico: o encontro em Jerusalém entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Ecuménico Atenágoras, em janeiro de 1964. Este encontro constituiu um passo fundamental para derrubar a barreira da incompreensão, da desconfiança e até da hostilidade que existia há quase um milénio. Vale a pena notar que hoje recordamo-nos não tanto as palavras e as declarações desses Pastores proféticos, mas, sobretudo, o seu caloroso abraço. De facto, é muito significativo que este caminho de reconciliação, de aproximação crescente e de superação dos obstáculos que ainda impedem uma comunhão plena e visível, tenha começado com um abraço, um gesto que exprime de forma eloquente o reconhecimento mútuo da fraternidade eclesial.
O exemplo do Papa Paulo VI e do Patriarca Atenágoras mostra-nos que todos os caminhos autênticos para o restabelecimento da plena comunhão entre os discípulos do Senhor se caraterizam pelo contacto pessoal e pelo tempo passado em conjunto. Além disso, através do diálogo amistoso, da oração comum e da ação conjunta ao serviço da humanidade, especialmente daqueles que são atingidos pela pobreza, pela violência e pela exploração, os membros das diferentes Igrejas acabam por descobrir cada vez mais profundamente a sua confiança comum na providência amorosa de Deus Pai, a sua esperança na vinda do Reino inaugurado por Jesus Cristo e o seu desejo comum de exercer a virtude da caridade inspirada pelo Espírito Santo.
Com a ajuda de Deus, pudemos continuar o caminho traçado pelos nossos Veneráveis Predecessores, renovando muitas vezes a alegria de nos encontrarmos e abraçarmos uns aos outros. A este propósito, é-me particularmente grato recordar o nosso recente encontro em Roma, e renovo a minha gratidão pela sua participação na Vigília Ecuménica de Oração realizada na véspera da abertura da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema: "Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão". O seu apoio pessoal e o do Patriarcado Ecuménico, expressos também através da participação de um delegado fraterno nos trabalhos da Assembleia, são uma grande fonte de encorajamento na prossecução fecunda do processo sinodal em curso na Igreja Católica.
Nesta festa do Apóstolo André, pedimos fervorosamente a Deus, nosso Pai misericordioso, que cesse o ruído das armas, que só traz morte e destruição, e que os responsáveis governamentais e religiosos procurem sempre o caminho do diálogo e da reconciliação. Que os Santos Apóstolos Pedro e André intercedam por todos os povos e implorem para eles os dons da comunhão fraterna e da paz.
Amado irmão em Cristo, renovando de bom grado os meus mais fervorosos votos, troco convosco um abraço fraterno de paz em Cristo Nosso Senhor.

Roma, São João de Latrão, 30 de novembro de 2023

Francisco

26/08/2023

Tempo da Criação 2023: Declaração conjunta dos presidentes do Conselho das Conferências Episcopais da Europa e da Conferência das Igrejas Europeias

A 18 de agosto, divulgámos o tema e os recursos alusivos ao Tempo da Criação 2023, cuja celebração decorre de 1 de setembro a 4 de outubro, sob o tema
Que a justiça e a paz fluam. Entretanto, a 25 de agosto, o presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, o arcebispo Gintaras Grušas, e o presidente da Conferência das Igrejas Europeias, o arcebispo Nikitas di Thyateira, publicaram uma declaração conjunta a propósito do Tempo da Criação 2023, convidando todos os cristãos das igrejas, paróquias e comunidades e as pessoas de boa vontade de toda a Europa a observarem o Tempo da Criação num espírito ecuménico, unidos na oração e na ação. Divulgamo-la aqui em tradução portuguesa, juntando-a aos restantes recursos já disponibilizados.

Antes de se tornar profeta, Amós tinha um pedaço de terra, uma família e um trabalho. De repente, experimentou a pobreza, enfrentando o exílio e tornando-se um refugiado, sentindo a dor de recordar o passado e vivendo a incerteza do seu próprio futuro.
Amós viu a injustiça que feria o seu próprio povo, o contraste doloroso entre ricos e pobres. Suportou a seca e a perda dos frutos da terra. Com esta experiência, aprendeu o que significava a pobreza e a incerteza. Inesperadamente, ouviu a voz de Deus e encontrou no seu coração a força para pregar graciosamente aos pobres, pronunciando palavras de esperança com uma prontidão incansável.
Foi nesta experiência espiritual do profeta Amós, cujo nome significa «portador de fardos», que encontrámos a inspiração para a celebração ecuménica deste ano do Tempo da Criação - «Que a justiça e a paz fluam» -, que faz referência às palavras do Livro de Amós: «Flua o direito como a água e a justiça como uma torrente perene» (cf. Am 5,24).
O símbolo espiritual deste ano é um rio impetuoso; é a água, um elemento simples e essencial presente na nossa vida, sinal de vida e de purificação nas nossas tradições religiosas. A água recorda-nos o nosso Batismo e o nosso compromisso de conversão e de vida nova. A água, no entanto, não é acessível a todos de forma segura, apesar de ser tão essencial para a sobrevivência humana. Muitas pessoas continuam a não ter acesso a água potável; outras tiveram recentemente de fugir das suas aldeias devido à seca. Muitos dos nossos irmãos e irmãs em todo o mundo são obrigados a repetir as palavras de Jesus: «Tenho sede» (cf. Jo 19,28). Outros ainda tiveram de fugir por causa das inundações, sejam elas devidas a causas naturais ou humanas.
Neste tempo de oração e de conversão, escutemos o apelo dos nossos irmãos e irmãs, vítimas de várias formas de injustiça ambiental. Por isso, dirigimo-nos a Deus de coração humilde, oferecendo-lhe a nossa oração: «Senhor, que a justiça e a paz fluam no nosso mundo, na nossa casa comum».
Sempre que, com tristeza, vemos pessoas com sede ou a lutar contra a seca, rezemos: «Que a justiça e a paz fluam». Sempre que vemos a destruição desumana da guerra, como na Ucrânia, na Somália, no Iémen, na Eritreia, em Myanmar e em muitos outros lugares do mundo, onde as necessidades básicas encontram obstáculos ou onde a água é usada como arma contra civis inocentes, voltemos a repetir: «Que a justiça e a paz fluam».
Neste tempo de oração e de conversão, recordemo-nos que Deus quer que cada um de nós se comporte de forma equitativa e pacífica em todas as situações da vida. Se cultivarmos uma relação de confiança com Deus, com os nossos irmãos e irmãs e com a natureza, então uma justiça e uma paz efetivas fluirão abundantemente no meio de nós.
Como Igrejas cristãs, e com o coração orante, oferecemos os nossos contributos e reflexões para a próxima Conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas (COP28), organizada pelas Nações Unidas no Dubai (Emirados Árabes Unidos), de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023, convidando também todos os líderes mundiais e todas as pessoas de boa vontade a escutarem a ciência e a comprometerem-se na aplicação equitativa do Acordo de Paris. A oportunidade de criar um modo de vida mais equitativo e sustentável para toda a humanidade depende do nosso compromisso de protegermos a nossa casa comum, mudando o modo de vida, favorecendo a temperança e a sobriedade na utilização dos recursos que são para nós um dom de Deus. Mas, de uma forma especial, depende do compromisso e do trabalho de reflexão daqueles que estão mais diretamente envolvidos na política e na vida social.
Convidamos todos os cristãos das igrejas, paróquias, comunidades e todas as pessoas de boa vontade em toda a Europa a observarem e celebrarem o Tempo da Criação 2023, de 1 de setembro a 4 de outubro, num espírito ecuménico, unidos na oração e na ação.
Neste Tempo da Criação, desejamos ser testemunhas de Cristo, fonte de água viva. Queremos trabalhar e rezar para que as nossas igrejas se tornem espaços acolhedores onde se ouça claramente uma voz que proclama: «Que a justiça e a paz fluam como uma torrente perene no nosso mundo».

25 de agosto de 2023

Arcebispo Gintaras Grušas
Presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa

Arcebispo Nikitas de Thyateira
Presidente da Conferência das Igrejas Europeias

24/08/2023

75º aniversário do Conselho Mundial das Igrejas

352 Igrejas numa única casa

«Um lugar de culto»: é o que se diz muitas vezes quando se fala de uma igreja. Aqui está uma casa para 352 igrejas! Protestante, anglicana, ortodoxa e vetero-católica.
O edifício pouco atrativo do lado de fora, na Route de Ferney 150, no bairro Le Grand-Saconnex, em Genebra, inicialmente só chama a atenção pela placa na porta: o edifício plano de betão, aço e vidro dos anos 60 tem mais inquilinos do que um complexo residencial pré-fabricado.
Cerca de 580 milhões de cristãos de mais de 110 países estão aqui representados pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI/CEI).
A aliança mundial foi fundada em 23 de agosto de 1948, há exatamente 75 anos, em Amesterdão. Estiveram presentes 351 delegados de 147 igrejas de diferentes confissões e tradições. Três anos após o fim da II Guerra Mundial, reaparecia em quase todo o mundo mais uma vez o desejo de resolver em conjunto os futuros conflitos da humanidade, através da compreensão e do diálogo. Até hoje, o CMI considera-se sobretudo uma comunidade de igrejas, não uma "super-igreja".
O esplendor e o coração da sede do CMI em Genebra é representado pela ampla e luminosa sala da igreja. O cubo, com os seus elegantes tons de madeira e os vitrais coloridos, respira o espírito de compreensão evocado pela função de liderança do CMI. Um grande gongo à entrada simboliza a amplitude espiritual que se estende para além da Europa e do cristianismo ocidental.
Os objetos de arte, a caminho do altar, têm todos a sua própria história: o mosaico russo com o batismo de Cristo; o extraordinário grupo da Crucificação, mais alto do que a estatura de um homem, proveniente da África negra; a grande cruz de chumbo fundido do telhado da catedral anglicana de Coventry; o ícone da lapidação do mártir Estêvão; o crucifixo de um homem que sofre a escravidão no mundo, presente do Papa Francisco durante a sua visita a Genebra em 2018.
Um dos muitos sinos da entrada pretende dar a entender quão delicada e difícil pode ser a cooperação fraterna nas atividades quotidianas: também faz parte do CMI o Patriarcado ortodoxo russo de Moscovo, cujo chefe, o Patriarca Cirilo I, abençoa os canhões contra o país cristão vizinho, a Ucrânia, e mantém excelentes relações com o senhor da guerra, o russo Vladimir Putin. Em 2022, uma Igreja evangélica apresentou mesmo uma moção para expulsar a Igreja ortodoxa russa do CMI.
Desde o início do ano, o secretário-geral do Conselho é o teólogo e pastor reformado sul-africano Jerry Pillay (58 anos), que já foi o primeiro presidente da Comunhão mundial das Igrejas reformadas. O comité central do CMI é presidido pelo alemão Heinrich Bedford-Strohm (63 anos), que até novembro de 2021 foi presidente do Conselho da Igreja evangélica na Alemanha.
Na celebração ecuménica realizada no fim de junho na catedral de São Pedro em Genebra - para comemorar o aniversário do Conselho Mundial das Igrejas - Bedford-Strohm disse na sua homilia: «O povo reuniu-se em Amesterdão, em 1948, com o objetivo claro de reunir as Igrejas do mundo e de fazer delas um instrumento de paz... Afirmou claramente que a guerra é contra a vontade de Deus e que o nosso dever consiste precisamente em superar o nacionalismo e as outras formas de divisão entre os povos, que conduziram diretamente à terrível II Guerra Mundial, que causou a morte de tantos milhões de pessoas». «Em que ponto estamos hoje?», interrogava-se Bedford-Strohm.
«Estivemos à altura da herança de Amesterdão? Somos nós, enquanto Igrejas, realmente um instrumento de paz em todos os conflitos armados deste mundo?». O representante da Igreja alemã teria gostado que «a resposta fosse um sim inequívoco. Mas não foi. Demasiadas vezes a nossa lealdade nacional ou política é mais importante para nós do que a lealdade a Jesus Cristo, e por vezes nem sequer nos damos conta disso».
O patriarca ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I, foi ainda mais explícito como primus inter pares da Ortodoxia mundial e como representante de um dos membros fundadores. A unidade da Ortodoxia, declarou, foi «profundamente violada com a invasão da Ucrânia pela Federação Russa em fevereiro de 2022».
Uma ferida profunda foi aberta «na Igreja de Estado sob o Patriarca Cirilo», da qual é importante tomar claramente distância. Bartolomeu I implorou aos membros do CMI: «Não devemos permitir que a instrumentalização da nossa fé cristã se torne a norma».
A Igreja católica não é membro do CMI. No entanto, em 1965, foi criado um grupo de trabalho conjunto entre o Vaticano e o Conselho Mundial das Igrejas. Os teólogos católicos são membros de pleno direito de comissões importantes do CMI, como Fé e Constituição, Missão Mundial e a Evangelização.
O secretário-geral Pillay elogiou recentemente o envolvimento do Vaticano no Conselho Mundial numa entrevista à Sociedade de Publicistas Católicos. Embora a Igreja católica não seja um membro formal, comporta-se como se o fosse. E isso deixa-o feliz. Bedford-Strohm citou o discurso ecuménico do papa Francisco, que disse: «Falai com o Senhor e segui em frente», desejando mais passos ecuménicos no Vaticano.

Alexander Brueggemann
Settimana News (23 de agosto de 2023)

18/08/2023

Tempo da Criação 2023

Todos os anos, de 1 de setembro a 4 de outubro, a família cristã une-se para a celebração mundial de oração e ação pela proteção da nossa casa comum. Como seguidoras e seguidores de Cristo de todo o mundo, compartilhamos um apelo comum a cuidar da criação. Somos cocriaturas e fazemos parte de tudo o que Deus fez. O nosso bem-estar está interligado com o bem-estar da Terra. Alegramo-nos com esta oportunidade de salvaguardar a nossa casa comum e todos os seres que a compartilham connosco. Este ano, o tema para este tempo é «Que a justiça e a paz fluam».

Convite dos líderes religiosos à participação no Tempo da Criação


Caros Irmãs e Irmãos em Cristo,
O Tempo da Criação é a celebração cristã anual de oração e resposta conjunta ao clamor da Criação: a família ecuménica no mundo une-se para ouvir e cuidar de nossa casa comum, o Oikos de Deus.
O período de “celebração” do Tempo da Criação começa a 1 de setembro, Dia de Oração pela Criação, e termina a 4 de outubro, Festa de São Francisco de Assis, padroeiro da ecologia, amado por muitas confissões cristãs.
Após a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos celebrada no hemisfério norte, iniciámos em fevereiro a “Preparação” do Tempo da Criação para chegarmos aos líderes locais e convidarmos as nossas comunidades a participarem ativamente, tomando consciência do tema e refletindo sobre o modo de responderem ao clamor da criação pelo qual o Senhor nos chama nos nossos diversos contextos. A etapa da “Preparação” é fundamental para nos prepararmos juntos para o Tempo da Criação, criando laços e relações como Povo de Deus que cuida da nossa casa comum.
Este ano unir-nos-emos em torno do tema «Que a justiça e a paz fluam» e do símbolo de «Um rio poderoso». Os líderes religiosos ecuménicos de todo o mundo prepararam um vídeo especial para vos convidarem a participar deste Tempo.
Muitas pessoas também compartilharam as suas reflexões para inspirarem a nossa família ecuménica nesta jornada, enquanto os cristãos de todos os lugares se preparam para testemunhar o poder de trabalharem juntos para permitirem que a justiça e a paz fluam e enquanto cuidamos de nossa casa comum. Convidamos-vos a refletir nas suas palavras a seguir transcritas:
  • «O Tempo da Criação é uma oportunidade esplêndida que se oferece à comunidade cristã do mundo inteiro de encarnar a comunhão para que fomos criados como pessoas desta terra. Fazemo-lo na procura de estilos de vida que construam a justiça entre as pessoas e permitam que floresça a teia de vida da terra» - Dr.ª Cynthia D. Moe-Lobeda, Professora de Ética Teológica e Social do Seminário Teológico Luterano Pacifico da Universidade Luterana da California. Diretora do Centro para Justiça Climática e Fé, PLTS.
  • «Nunca houve um momento, na história da existência humana, em que tenhamos ameaçado tão gravemente não apenas nossa própria existência, mas também a do resto do mundo vivo. Mas não é tarde demais para agirmos, se o fizermos agora, se o fizermos juntos» - Bispa Olivia Graham, Diocese de Reading, Igreja da Inglaterra.
  • «O Tempo da Criação é um lembrete vital e necessário de que o amor de Deus que salva, cura e busca a justiça se estende a todas as partes da criação. Como Igreja, casa de Deus, somos chamados a viver esse amor que dá vida em benefício de todos» - Rev.da Faith Whitby, Bispa do Distrito Central, Igreja Metodista da África Austral.
  • «Vivemos em tempos muito turbulentos e problemáticos enquanto continuamos a lutar pela paz mundial e pela reconciliação e unidade de toda a criação. Estamos cercados por guerra, violência, desafios climáticos e sistemas injustos que continuam a desumanizar e oprimir pessoas em todo o mundo. Os cristãos são exortados a unirem-se a Deus no rio que sempre flui pela justiça e pela paz no mundo”. - Rev. Prof. Dr. Jerry Pillay, Secretário Geral, Conselho Mundial de Igrejas.
  • «O Tempo da Criação recorda aos jovens que Deus é o Criador, e nós, humanos, juntamente com as outras formas de vida (animais e plantas), somos criaturas. Recorda-nos que precisamos de cuidar uns dos outros como o nosso Criador cuida de nós. O Tempo da Criação é importante para os jovens, pois reconhece-nos (os jovens) como líderes de hoje e não como vítimas de amanhã» - Priyanka Gloria Gupta, Estagiária da Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas.
  • «O Tempo da Criação é uma época especial do ano para orarmos com outras pessoas com e como parte da criação de Deus. Vem-me à mente que a nossa resposta conjunta ao amarmos a criação resulta primeiramente de nos relacionarmos amorosamente com o nosso Deus Criador» - Jasmine Kwong Catalisadora do Cuidado da Criação, Movimento de Lausanne.
  • «Este Tempo da Criação será uma oportunidade para orar, refletir e agir juntos como Povo de Deus pela nossa casa comum. Como afluentes que unem forças para se tornarem um rio poderoso, a família ecuménica unir-se-á num caminho sinodal de cuidado pela nossa casa comum através da justiça e da paz» - Irmã Alessandra Smerilli, Secretária do Dicastério do Vaticano para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral.
  • «O Tempo da Criação é celebrado pelos membros da ACT em todo o mundo todos os anos, de 1 de setembro a 4 de outubro. Comemore conosco este ano» - Rudelmar Bueno de Faria, Secretário Geral, Aliança ACT.
  • «O Tempo da Criação foi um presente para as igrejas do Médio Oriente. Despertou a dimensão da criação já presente nas diversas tradições de culto, forneceu uma linguagem que responde às preocupações da juventude e estendeu uma ponte entre os vários ministérios e entre as comunidades de fé e a sociedade civil» - Rev. Dr. Rima Nasrallah, Conselho de Igrejas do Médio Oriente.
Por meio da oração, da defesa prática dos direitos e de ações sustentáveis, este Tempo da Criação de 2023 pode renovar profeticamente a nossa unidade ecuménica e cuidar da nossa casa comum. Convidamos-vos a participar desta época especial e a fazer parte deste poderoso movimento pela justiça e pela paz.
Caminhemos juntos em comunhão como Povo de Deus para fazer fluir a justiça e a paz!

Membros do Comitê Consultivo do Tempo da Criação

Tema e símbolo do Tempo da Criação de 2023:


O tema para 2023 é «Que a justiça e a paz fluam» e o símbolo é «Um rio poderoso».

Junte-se ao rio da justiça e da paz

O profeta Amós clama: «Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene!» (Amós 5. 24). Somos, pois, chamados a juntarmo-nos ao rio da justiça e da paz, a assumir a justiça climática e ecológica, e a falar com e pelas comunidades mais afetadas pela injustiça climática e pela perda da biodiversidade.
As nossas orações, pregações e liturgias devem clamar por justiça não apenas para a humanidade, mas para toda a criação. A justiça, aliada à paz, chama-nos ao arrependimento dos nossos pecados ecológicos e à mudança das nossas atitudes e ações. A retidão exige que vivamos em paz, sem conflitos com nossos vizinhos humanos e construindo relações justas com toda a criação. «Paz» (shalom) diz respeito não apenas à ausência de conflito, mas a relações positivas e vivificantes com Deus, com nós mesmos, com a humanidade e com toda a criação.
Aquelas comunidades indígenas, que reconhecem a sacralidade dos elementos naturais e, assim, vivem integradamente um modo de vida interligado, que expressa uma parceria entre as pessoas e a vida da Terra, têm muito a ensinar ao resto do mundo.
Somos convidados a juntarmo-nos ao rio da justiça e da paz em nome de toda a Criação e a fazer convergir as nossas identidades individuais, de nome, família ou comunidade de fé, neste movimento maior pela justiça, assim como os afluentes se unem para formar um rio poderoso. Como povo de Deus,
temos de trabalhar juntos em nome de toda a Criação, como parte desse rio poderoso de paz e de justiça.

O rio da vida traz esperança em vez de desespero

O profeta Isaías proclama: «Vede, estou a fazer uma coisa nova! Ela já está a surgir! Vós não a reconheceis? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo» (Isaías 43.19).
A biodiversidade está a perder-se a uma taxa nunca vista desde a última extinção em massa. A esperança de manter o crescimento da temperatura média em 1,5 grau Celsius está a desaparecer. O mundo que a humanidade conheceu, desfrutou e celebrou está a mudar rapidamente de modo irreparável. O futuro dos jovens está ameaçado pelos impactos em cascata da perda de biodiversidade e das mudanças climáticas. A industrialização, a colonização e a extração e consumo de recursos geraram
grandes riquezas, distribuídas de forma desigual. As nações poderosas do Norte Global enriqueceram às custas das nações do Sul Global e das comunidades indígenas e de subsistência.
A emergência climática e ecológica de hoje fere as pessoas mais vulneráveis, vivendo muitas nas nações menos ricas, que contribuíram com menos emissões. Os povos indígenas representam 5% da população mundial e protegem quase 80% da biodiversidade remanescente no mundo.
Atualmente, estamos mais conscientes do que nunca da ligação entre combustíveis fósseis, violência e guerra. Podemos, no entanto, sonhar e trabalhar por um mundo em que cada país produza a energia de que necessita a partir do sol e do vento dados por Deus, em vez de fazer guerra por combustíveis fósseis.
A urgência cresce e temos visivelmente de fazer as pazes com a Terra e na Terra, ao mesmo tempo que a justiça nos chama ao arrependimento e à mudança de atitudes e ações. À medida que nos juntamos com as outras pessoas ao rio da justiça e da paz, é criada a esperança em vez do desespero. Os riachos podem surgir no deserto. Pode construir-se uma economia de paz em vez de uma economia baseada no conflito.

Uma poderosa torrente pode mover montanhas

As nossas ações individuais durante o Tempo da Criação são importantes. Celebrar a criação, participar de limpezas, plantar árvores e reduzir a nossa pegada de carbono são algumas das ações imediatas que podemos realizar.
Também temos de reconhecer que, precisando nós de um poderoso movimento de justiça, as ações individuais já não são suficientes. A justiça também inclui o pagamento de dívidas históricas. A nível global, as nações com poder e riqueza têm o dever de lidar de forma justa e honesta com as comunidades que mais sofrem com as crises climáticas e ecológicas. Não lidaram corretamente com seus vizinhos menos ricos nos fóruns globais. Não cumpriram as suas promessas de financiarem as perdas e danos que as comunidades vulneráveis estão a sofrer, nem financiaram as iniciativas necessárias em prol da biodiversidade em nações menos ricas, nem fizeram os sacrifícios necessários para que o aquecimento global fique abaixo de 1,5 grau Celsius.
No entanto, as nações do Sul Global, trabalhando juntas durante mais de 30 anos, conseguiram obter uma vitória na COP27 ao fazerem com que as nações mais ricas percebessem o seu dever moral de fornecerem financiamento para perdas e danos.
As recentes decisões da COP15 em ordem à preservação da biodiversidade também são esperançosas e exigem perseverança semelhante. O novo Tratado dos Oceanos da ONU marca um momento histórico na proteção da biodiversidade marinha nas águas internacionais, aumentando a esperança de respostas globais mais persistentes à crise climática. Essas vitórias foram alcançadas por aqueles que têm menos poder, trabalhando juntos. Juntos podemos ser um rio poderoso de justiça e de paz, que traz vida nova à terra e às gerações futuras, um rio que pode mover as montanhas da injustiça.

Como o rio da justiça e da paz inspira as nossas ações em defesa de direitos

Aquelas pessoas que vivem no Norte Global têm de pedir aos seus representantes eleitos que cumpram as suas promessas. Essas promessas incluem os fundos prometidos em reuniões globais para as comunidades mais vulneráveis afetadas pelas mudanças climáticas e para a preservação da biodiversidade remanescente.
Outras ações que reconhecem a nossa interligação e interdependência com toda a Criação incluem o conhecimento e a assinatura da Declaração Universal dos Direitos dos Rios, parte de um movimento para reconhecermos os direitos inerentes à Mãe Terra. Como família ecuménica, podemos comprometer-nos nessas ações e contribuir para que a teia da vida seja preservada e cuidada.
É por isso que a defesa prática e as ações sustentáveis são descritas mais detalhadamente no Guia da Celebração e no site do Tempo da Criação. Ao mesmo tempo que confiamos na obra de Deus, reconhecemos que também podemos participar da vontade de Deus em favor da justiça e da paz. Neste Tempo da Criação, podemos caminhar  juntos em comunhão como povo de Deus para deixarmos fluir a justiça e a paz!

Oração do Tempo da Criação 2023


Criador de tudo,
Da tua comunhão de amor brotou a vida como um rio poderoso e todo o cosmos surgiu.
Nesta Terra de amor transbordante, o Verbo fez-se carne e partiu com as águas vivificantes para proclamar a paz e a justiça para toda a criação.
Tu chamaste os seres humanos a cultivarem e a manterem o teu jardim. Tu nos colocaste numa relação justa com cada criatura, mas não ouvimos os gritos da Terra e os gritos dos mais vulneráveis. Rompemos a comunhão fluida do amor e pecamos contra ti ao não protegermos as condições de vida.
Lamentamos a perda das nossas espécies irmãs e de seus habitats. Lamentamos a perda de culturas humanas, as vidas e meios de subsistência que foram deslocados ou pereceram, e sofremos ao ver uma economia de morte, guerra e violência que infligimos a nós mesmos e à Terra.
Abre os nossos ouvidos à tua Palavra que cria, reconcilia e nos sustenta, e que nos fala por meio das Escrituras e do livro da criação. Abençoa-nos uma vez mais com as tuas águas vivificantes, para que o Espírito Criador faça a justiça e a paz fluírem em nossos corações e transbordarem em toda a criação.
Abre os nossos corações para recebermos as águas vivas da justiça e da paz de Deus e as compartilharmos com os nossos irmãos e irmãs que sofrem, com as criaturas que nos rodeiam e com toda a criação.
Abençoa-nos para caminharmos em conjunto com todas as pessoas de boa vontade, para que as muitas correntes de águas vivas da justiça e da paz de Deus se tornem um rio poderoso em toda a Terra.
Em nome daquele que veio proclamar a boa nova a toda a criação, Jesus Cristo.
Amém.

Mensagem do Papa Francisco para a celebração do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2023 (página web do Tempo da Criação)Oração Ecuménica - Tempo da Criação de 2023: 1 de setembro, 14 horas (online).

29/06/2023

O diálogo entre católicos e ortodoxos prossegue

De 1 a 7 de junho, com a hospitalidade cordial de Sua Beatitude Theodoros II, Patriarca de Alexandria e de toda a África, e no espaço sugestivo da Catedral da Anunciação, teve lugar a 15ª sessão plenária de trabalho da "Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa", sob a presidência do Metropolita Job da Pisídia (Patriarcado Ecuménico de Constantinopla) e do Card. Kurt Koch (Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos).

Estado da arte do diálogo católico-ortodoxo

A tarefa que se apresentava era desafiante e ambiciosa: levar a bom termo a etapa do diálogo teológico entre as duas Igrejas, inaugurada com o Documento de Ravenna (DR).
Ela previa, de facto, após o desenvolvimento do quadro teológico partilhado por ortodoxos e católicos sobre a interdependência eclesiológica de sinodalidade e primado, como descreve o DR (2007: Ecclesiological and Canonical Consequences of the Sacramental Nature of the Church: Ecclesial Communion, Conciliarity and Authority), o exame histórico da situação vivida a este respeito no primeiro milénio, proposto pelo Documento de Chieti (DC, 2016: Synodality and Primacy During the First Millennium: Towards a Common Understanding in Service to the Unity of the Church), para chegar finalmente à descrição da situação vivida no segundo milénio, objeto do Documento de Alexandria (DA, 2023: Synodality and Primacy in the Second Millennium and Today).
Foram necessários sete anos para assinar este último documento, baseado no projeto elaborado pelo Comité de Coordenação nas reuniões de Bose, em Itália (2018 e 2019), e de Rethymno, em Creta (2022).
Entretanto, devido às conhecidas vicissitudes que perturbam o mundo ortodoxo, o Patriarcado da Rússia abandonou os trabalhos da Comissão, enquanto - foi oficialmente declarado - ela for presidida, da parte ortodoxa, pelo Patriarcado Ecuménico de Constantinopla.
Também estiveram ausentes de Alexandria os representantes dos Patriarcados de Antioquia, da Bulgária e da Sérvia, ao passo que estiveram presentes as restantes 10 delegações dos outros Patriarcados (Constantinopla, Alexandria, Jerusalém, Roménia, Geórgia) e das Igrejas autocéfalas (Chipre, Grécia, Polónia, Albânia, República Checa e Eslováquia).
No decurso dos trabalhos, foram recordados com gratidão dos membros da Comissão recentemente falecidos: Os Metropolitas Ioannis Zizioulas de Pérgamo - a quem se deve, no essencial, a inspiração teológica que orientou positivamente o percurso até agora -, Kallistos Ware de Diokleia, uma das mais proeminentes figuras espirituais e teológicas da Ortodoxia contemporânea, Gennadios Limouris de Sassima, durante muito tempo e com competência e dedicação secretário da comissão, da parte ortodoxa, bem como o arcebispo greco-católico Florentin Crihălmeanu de Cluj, na Roménia, uma figura de extraordinária sensibilidade espiritual e paixão eclesial.
Após o início promissor da nova etapa de diálogo registada no DR (que não foi aprovado pelos Patriarcados da Rússia, Bulgária, Sérvia e Geórgia), o caminho não esteve isento de obstáculos. O resultado, no entanto, é certamente apreciável e assinala um importante passo em frente que lança as bases para a continuidade do caminho; que, aliás, já está planeado no objetivo que persegue: abordar, a partir do próximo ano e do ponto de vista teológico e canónico, tendo em conta os resultados alcançados até agora, as questões ainda em aberto no que diz respeito à obtenção de uma compreensão comum da fé, no que é essencial e qualificante e no que é, pelo contrário, expressão de uma legítima diversidade.

Estrutura e principais contributos do DA

Na perspetiva traçada pelo DR, e com base no caminho feito em comunhão - apesar das tensões - no primeiro milénio, tal como ficou registado no consenso alcançado no DC, o tema do DA é ilustrado no n. 0.3 da Introdução: «O presente documento considera a história conturbada do segundo milénio em quatro períodos. Procura fazer, na medida do possível, uma leitura comum desta história e oferece aos ortodoxos e aos católicos romanos uma oportunidade bem-vinda para explicarem uns aos outros vários pontos deste caminho, de modo a promover a compreensão e a confiança recíprocas, que são requisitos essenciais para a reconciliação no início do terceiro milénio».
Dada a complexidade e a sensibilidade do tema, o DA é consideravelmente mais longo do que o DC.
Os quatro períodos descritos a partir da data emblemática de 1054, com o conhecido episódio da excomunhão recíproca (cf. DA 1.1), são os seguintes:
  • de 1054 ao Concílio de Florença (1438-1439);
  • da Reforma ao século XVIII;
  • os desenvolvimentos do século XIX;
  • os séculos XX e XXI: regresso às fontes e aproximação.
Embora com a necessária concisão e privilegiando uma abordagem histórica que visa objetivar o desenrolar dos acontecimentos e o perfilar das respetivas posições teológicas, a análise documenta pelo menos três aquisições.
A primeira inscreve-se no consenso, em geral, quanto à leitura dos respetivos acontecimentos vividos relativamente ao desenvolvimento da interdependência entre sinodalidade e primado.
A segunda, partindo desta plataforma comum, propicia uma compreensão mais clara e partilhada das razões que, de um lado e de outro, levaram - não raramente mais por motivos de natureza histórico-política do que teológico-eclesial - a incentivar uma distância que não só impediu que chegassem a bom porto as tentativas de reconciliação feitas ao longo dos séculos, mas também exasperou a interpretação polémica relativamente à outra parte e o endurecimento apologético da própria posição.
Em terceiro lugar, é de registar positivamente o relevo dado à abertura a uma nova situação marcada pela aproximação e pelo diálogo que se verificaram no século XX e até hoje, graças ao regresso comum às fontes da fé: isto favorece não só uma avaliação mais pertinente do significado efetivo e do peso teológico daquilo que ainda não permite uma unidade plena e visível, mas também a partilha da perspetiva subjacente à prossecução do caminho com fundada esperança no seu bom êxito, que se confirma, por fim, como dom de Deus procurado em conjunto e com sinceridade, e invocado com fé para que seja por Ele graciosamente concedido.
É elucidativo ler com atenção, nas suas várias passagens, as conclusões produzidas por esta leitura comum da história da Igreja no segundo milénio através da chave de leitura da relação entre sinodalidade e primado.
Penso, entre outras coisas, na descrição da afirmação, na Igreja ocidental, de uma eclesiologia juridicista, na qual se acentuaram decisivamente o primado papal e uma conceção universalista da Igreja, sem que, no entanto, isso tenha feito esquecer completamente o princípio da sinodalidade, que, sob diversas formas, permaneceu operativo; na ferida profunda infligida às Igrejas orientais, em particular com a Quarta Cruzada (1204) e com o estabelecimento de uma hierarquia latina paralela nas antigas sedes da Igreja grega; e, ainda, no significado eclesiológico da crise conciliarista no Ocidente e no fracasso do Concílio de união de Florença, que, no entanto, atestou como a diferença na formulação doutrinal e na prática canónica das duas Igrejas não afeta a unidade na fé; por fim, no sistema jurídico do "Millet" no Império Otomano, que, ao prever a referência a uma representação unitária para os cristãos residentes no Império, favoreceu o realce da posição central do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla no Oriente em relação às outras sedes históricas.
Por outro lado, os desenvolvimentos registados nos séculos XIX e XX, a nível espiritual e teológico - refirem-se, no DA, a emergência do conceito de sobornost na Ortodoxia eslava e o de communio no âmbito católico, a partir da Escola de Tübingen, bem como o impulso da eclesiologia eucarística no Vaticano II (1962-1965) e no Santo e Grande Concílio Pan-ortodoxo de Creta (2016) - permitem oferecer uma leitura equilibrada dos fenómenos de etnofiletismo na Igreja do Oriente, do conturbado estabelecimento das Igrejas Orientais unidas a Roma, bem como da afirmação da doutrina do primado e da infalibilidade papal sancionada pelo Vaticano I.
Em tudo isto - conclui-se - resultaram decisivos o «regresso às fontes» e a estratégia do diálogo da caridade entre as «Igrejas irmãs» promovido, nas sendas do Vaticano II, pelo Papa Paulo VI e pelo Patriarca Ecuménico Atenágoras. O compromisso hodierno da Igreja Católica, tenazmente desejado pelo Papa Francisco, em redescobrir e reativar, a todos os níveis, o princípio da sinodalidade, também estimula, sem dúvida, a esperança de se alcançar uma meta partilhada.

Purificação da memória

E agora? Quais os resultados alcançados e para onde olhar? A conclusão do DA responde, em síntese, a estas questões com grande clareza.
Sublinha, antes de mais, que «a Igreja não é corretamente entendida como uma pirâmide, com um primado que a governa a partir de cima, mas também não é corretamente entendida como uma federação de Igrejas autossuficientes. O nosso estudo histórico da sinodalidade e do primado no segundo milénio mostrou a inadequação de ambas as visões. Da mesma forma, é claro que para os católicos romanos a sinodalidade não é meramente consultiva, e para os ortodoxos o primado não é meramente honorífico» (5.1).
Concretamente, constata-se que o Vaticano II inaugurou com autoridade a fase de um entendimento mais integral da Igreja como mistério de comunhão, no qual - segundo o desejo de João Paulo II na Ut unum sint (1995) - a compreensão e o exercício do primado, do lado católico, se abrem a uma nova situação, enquanto, do lado ortodoxo, é sobretudo pacífico o reconhecimento de que a sinodalidade é interdependente, complementar e inseparável do primado também a nível universal (cf. DC 5).
Esta interdependência - este é o ponto estabelecido - é «um princípio fundamental na vida da Igreja. Ele está intrinsecamente relacionado com o serviço da Igreja a nível local, regional e universal. No entanto, o princípio deve ser aplicado em contextos históricos específicos, e o primeiro milénio oferece uma orientação valiosa para a aplicação do princípio acima mencionado (cf. DC 21). O que é necessário nas novas circunstâncias é uma nova e correta aplicação do mesmo princípio de governo» (DA 5.4). Daqui resulta que «ortodoxos e católicos romanos estão empenhados em encontrar formas de ultrapassar o afastamento e a separação que ocorreram durante o segundo milénio» (DA 5.5).
Este é o compromisso para a próxima fase do diálogo teológico. Assinale-se que - como consta do comunicado final - a delegação do Patriarcado da Geórgia expressou o seu «desacordo relativo a algumas passagens do documento», e que a Comissão - a pedido da parte ortodoxa e, em particular, do Patriarcado de Constantinopla, relativamente a possíveis interpretações divergentes no mundo ortodoxo - clarificou o significado do parágrafo 19 do DC, referente às sedes para as quais se deve apelar em caso de contenciosos, remetendo para o cân. 9 do Concílio de Calcedónia (451), que precisa o papel específico, no Oriente, do «trono da cidade imperial de Constantinopla».

Piero Coda
Settimana News (23 de junho de 2023).

20/03/2023

Celebração Ecuménica no Hospital de São João (23 mar, 21h)

A Celebração Ecuménica que, desde 2000, se realiza no Hospital de São João, na quinta-feira anterior ao Domingo de Lázaro, é um acontecimento de suma importância. Foi neste Hospital que se iniciou o processo de criar uma cultura de reconhecimento do direito dos doentes a serem assistidos segundo a sua opção espiritual e religiosa e a abertura da cultura da saúde a esta dimensão do “Homem Inteiro”. Por causa dos doentes, esta Celebração é também por causa da sociedade portuguesa onde a diversidade religiosa é cada vez maior e temos que aprender a viver em paz e cooperação.
Todos são convidados a participar na Celebração Ecuménica na noite do próximo dia 23 de março, pelas 21 horas, na Capela do Centro Hospitalar Universitário de São João, no piso 9, presidida pelo Bispo Auxiliar do Porto, D. Vitorino Soares. Estarão presentes Bispos e ministros das várias confissões cristãs presentes na área geográfica da Diocese do Porto. Os participantes na celebração podem estacionar no parque do Hospital.

SAER CHUSJ
Voz Portucalense [edição online] (17 mar. 2023).

23/01/2023

Cristãos unidos em oração pelo bem e pela justiça

A água e a rocha foram os símbolos da unidade concreta entre os cristãos que se reuniram em oração na Igreja Metodista do Mirante na cidade do Porto em Celebração Nacional [a 21 de janeiro]. No âmbito da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que decorre de 18 a 25 de janeiro, o texto que serviu de base aos encontros pela unidade propõe uma frase do profeta Isaías: «Aprendei a fazer o bem, procurai a justiça».
Foram os cristãos do Estado do Minnesota nos Estados Unidos da América quem preparou o texto deste ano de 2023 e que em Portugal foi adaptado numa edição conjunta da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e do Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC). Um documento para motivar a oração e a reflexão pela unidade dos cristãos.
Na celebração na Igreja do Mirante estiveram presentes os seguintes hierarcas cristãos: D. Sifredo Teixeira da Igreja Metodista, que presidiu à celebração, D. Manuel Linda, bispo do Porto, D. Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana da Comunhão Anglicana e representante do COPIC, D. Manuel Felício, bispo da Guarda, representando a CEP, a Pastora Sandra Reis, pela Igreja Presbiteriana, o padre Ivan Buhakov, pela Igreja Ortodoxa Ucraniana, o padre Alexander Piscounov pela Igreja Ortodoxa Russa e ainda o Diácono Peter Eisele pela Igreja Evangélica Alemã do Porto. Também presentes nesta celebração, em representação da Comissão Ecuménica do Porto, o Reverendo Sérgio Alves da Igreja Lusitana e o padre Mário Henrique da Igreja Católica.
«Há que situar a justiça no coração», disse D. Manuel Linda na reflexão que foi convidado a fazer neste significativo momento de oração pela unidade. O bispo do Porto sustentou a necessidade de se “tomar a justiça não como mecanismo condenatório dos outros, mesmo dos pecadores e criminosos, mas como tentativa de aproximação e de salvação no amor e na misericórdia”.
«Correspondamos ao Deus justo cirando áreas de relação e comunhão entre nós e entre as nossas Igrejas», disse o bispo do Porto.
Nota especial para a reflexão proposta pela Pastora Sandra Reis, ao afirmar que «a justiça em misericórdia é farol para a relação entre os seres humanos».
A representante da Igreja Presbiteriana exortou os cristãos a serem «instrumento e testemunho da vontade de Deus», afirmando que «num mundo cheio de iniquidades, Deus quer justiça».
«A imagem de Deus é transmitida por nós», declarou a Pastora Sandra Reis.

Roteiro Ecuménico 2023
No final da celebração nacional pela Unidade dos Cristãos, foi apresentado, pelo Reverendo Sérgio Alves, o Roteiro Ecuménico para o ano 2023 com todas as celebrações e encontros já agendados e programados. Um trabalho cada vez mais visível e que revela o especial valor da comunicação e da colaboração entre os cristãos para a unidade.
O próprio Papa Francisco deu mais um forte sinal de diálogo e aproximação para a unidade entre os cristãos ao convocar, no passado domingo 15 de janeiro, uma Vigília Ecuménica para o início da primeira sessão da XVI Assembleia do Sínodo dos bispos. A vigília terá lugar no Vaticano a 30 de setembro e será organizada pela Comunidade Ecuménica de Taizé. «Desde já, convido os irmãos e irmãs de todas as confissões cristãs a participar neste encontro do Povo de Deus», disse Francisco na ocasião.

RS
Igreja Portucalense [online] (22 de janeiro de 2023)



14/01/2023

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos no Grande Porto 2023

«Aprendei a fazer o bem, procurai a justiça» (Is 1,17) é o tema proposto para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, de 18 a 25 de janeiro (Oitavário).
O guião elaborado para o efeito foi preparado por cristãos do Estado do Minesota, USA, e adaptado em Portugal, numa edição conjunta da CEP – Conferência Episcopal Portuguesa e do COPIC – Conselho Português de Igrejas Cristãs.
Para além de várias iniciativas locais, destaca-se, ao nível do grande Porto, a Celebração Ecuménica Nacional com a Celebração Diocesana, no sábado, 21 de janeiro, pelas 16h00 na Igreja Metodista do Mirante (Praça Coronel Pacheco, Porto) com a colaboração da Comissão Ecuménica do Porto (www.ecumenismoporto.org).