28/08/2025

Tempo da Criação 2025

Todos os anos, de 1 de setembro a 4 de outubro, a família cristã une-se para a celebração mundial de oração e ação com vista à proteção da nossa casa comum. É uma época especial em que celebramos Deus como Criador e reconhecemos a Criação como ato divino contínuo, que nos chama como colaboradores a amar e cuidar do dom de tudo aquilo que é criado. Como seguidores e seguidoras de Cristo em todo o mundo, compartilhamos um chamamento comum pelo cuidado da Criação. Somos cocriadores e parte de tudo o que Deus criou. O nosso bem-estar está interligado com o bem-estar da Terra.
Alegramo-nos com esta oportunidade de proteger a nossa casa comum e todos os seres que a partilham. Este ano, o tema para este tempo é «Paz com a Criação».

Convite dos líderes religiosos ecuménicos


Caras Irmãs e Irmãos em Cristo,
O Tempo da Criação é a celebração cristã anual para orarmos e respondermos juntos ao clamor da Criação: a família ecuménica em todo o mundo une-se para contemplar e cuidar da nossa casa comum, a Oikos de Deus.
A «Celebração» deste tempo começa no dia 1 de setembro, dia em que várias denominações cristãs celebram o Dia Mundial de Oração pela Criação e que alguns celebram como Festa da Criação, e termina no dia 4 de outubro, Festa de São Francisco de Assis, amado por muitas denominações cristãs.
Este ano, vamos unir-nos em torno do tema «Paz com a Criação», com o símbolo «Jardim da Paz», inspirado em Isaías 32, 14-18.
Líderes ecuménicos de todo o mundo prepararam um convite especial para si e para a sua comunidade participar neste tempo, que pode ser visto aqui.
Muitos também partilharam as suas reflexões para inspirar a nossa família ecuménica nesta jornada, enquanto cristãos de todo o mundo se preparam para testemunhar a esperança e a ação, trabalhando em conjunto com e pela Criação.
Como uma forte declaração sobre a importância deste tempo ecuménico de oração e ação pela Criação, aqui estão as palavras dos líderes religiosos da nossa família cristã a convocar-nos para este tempo especial:
  • «Como ensina a Sagrada Escritura, a terra pertence a Deus e todos nós habitamos nela como «estrangeiros e hóspedes» (Lv 25, 23). Se realmente queremos preparar o caminho da paz no mundo, comprometamo-nos a remediar as causas remotas das injustiças, saldemos as dívidas injustas e insolúveis, saciemos os famintos» – Sua Santidade o Papa Francisco, Bispo de Roma (de 13 de março de 2013 a 21 de abril de 2025), Igreja Católica Romana, Igreja Católica Romana.
  • «Não podemos nem devemos esperar combater as alterações climáticas sem trabalhar em estreita colaboração uns com os outros. Como já afirmámos repetidamente, "estamos todos no mesmo barco". Cuidar da criação é um mandato e uma responsabilidade coletivos» – Sua Santidade o Patriarca Ecuménico Bartolomeu, Santa Igreja Ortodoxa.
  • «Agradecemos a Deus pela nossa participação na Criação, pelo chamamento a valorizá-la, a sermos bons administradores e a discernir os sinais dos tempos. Que possamos agir juntos pela justiça, para proteger as pessoas, os animais e o mundo natural» – +Anthony Poggo, Secretário Geral, Comunhão Anglicana.
  • «Reconhecemos o apelo urgente à ação e reconhecemos que só podemos responder-lhe com base na fé. O Tempo da Criação é uma fonte de força e comunhão» – Rev.da Dr.ª Anne Burghardt, Secretária-Geral da Federação Luterana Mundial.
  • «Vamos celebrar com São Paulo o papel do Espírito como parteiro através da tríplice sequência "cosmoteândrica" do santo gemido da criação como Mãe Terra, do Espírito como parteiro e dos crentes como filhos adotivos de Deus!» – Rev. Dr. Jong Chun J.C. Park, Presidente do Conselho Metodista Mundial.
  • «Somos chamados a ser administradores e cidadãos responsáveis, cuidando e sustentando a terra que pertence ao Senhor. Cada um de nós precisa fazer a sua parte para cuidar da criação» – Rev. Prof. Dr. Jerry Pillay, Secretário-Geral, Conselho Mundial de Igrejas.
  • «Não devemos desapontar o Criador, estragando a sua criação, que Ele nos confiou desde o início dos tempos e continua a proteger-nos de nós mesmos. É extremamente necessária uma mudança de paradigma» – Prof. Michel Abs, Secretário-Geral, Conselho de Igrejas do Médio Oriente.
  • «Temos de abandonar os combustíveis fósseis e avançar para as energias renováveis de forma justa e organizada. A nossa fé exorta-nos a apoiar as comunidades vulneráveis mais afetadas pela crise climática» – Rudelmar Bueno de Faria, Secretário-Geral, ACT Alliance.
  • «Neste Tempo da Criação, exorto todos os cristãos em todo o mundo a tomarem medidas concretas para cuidar do ambiente, conservar os recursos naturais e promover a sustentabilidade para proteger a Terra. Convido todos os cristãos a aderirem a este Tempo» – Seth Appiah-Kubi, Diretor Nacional, A Rocha Gana.
  • «Estar em paz com a criação é viver em harmonia com a presença vivificante de Deus em todas as coisas. O Tempo da Criação chama-nos a uma comunhão mais profunda com a Terra, abraçando o nosso papel na obra de amor, cura e reconciliação que Deus está a realizar para toda a criação» – Dr. Hefin Jones, membro do Comité Executivo, Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas.


Tema do Tempo da Criação de 2025


Todos os anos, o Comité Diretivo Ecuménico do Tempo da Criação propõe um tema para este Tempo.
O tema deste ano é «Paz com a Criação», inspirado em Isaías 32, 14-18: «Porque o palácio está abandonado, a cidade tumultuosa, deserta; a fortaleza de Ofel e a torre de vigia estão convertidas para sempre em terras abandonadas, para delícia dos asnos selvagens e pastagem dos rebanhos. Até que, do alto, Deus nos dê novo alento. Então o deserto se converterá em pomar e o pomar será como uma floresta. O direito habitará nestas terras, agora desertas, e a justiça reinará no futuro pomar. A justiça produzirá a paz, e daí resultará para sempre tranquilidade e segurança. O meu povo habitará num oásis de paz, em moradas tranquilas e em lugares sossegados» (BPT09).

«Porque o palácio está abandonado, a cidade tumultuosa, deserta; a fortaleza de Ofel e a torre de vigia estão convertidas para sempre em terras abandonadas, para delícia dos asnos selvagens e pastagem dos rebanhos» (Isaías 32, 14).
O profeta Isaías retrata uma Criação desolada, desprovida de paz devido à injustiça e à rutura da relação entre Deus e os homens. Cidades devastadas e terrenos baldios refletem o impacto destrutivo da humanidade na Terra. Embora o plano de Deus para a Criação esteja enraizado na justiça e na paz, o pecado humano perturba-o, deixando a Criação em ruínas desde palácios ricos a terras agrícolas, florestas e oceanos pobres. Isaías descreve vividamente os resultados do afastamento humano da Criação.
A paz não é apenas a ausência de guerra, mas a restauração de relações quebradas - com Deus, entre os seres humanos e com a Criação. A humanidade faz guerra à Criação através da produção extrativa, do consumo excessivo e da perda de biodiversidade. A ganância das empresas e o consumismo conduzem a práticas insustentáveis, mas os indivíduos também são cúmplices.
O consumo excessivo de carne, a vida de luxo, o desperdício, as emissões de gases com efeito de estufa, a utilização de produtos químicos e a poluição exemplificam o nosso papel na destruição da Criação.
Alguns são mais responsáveis por esta crise - o consumo de elite, os modelos de negócio exploradores e as teorias económicas que dão prioridade ao lucro em detrimento da sustentabilidade. A poluição, as crises sanitárias, a desflorestação e a exploração mineira em zonas de conflito agravam a situação.
A Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16), realizada no ano passado em Cali, na Colômbia, com o tema «Paz com a natureza», destacou a urgência dessas questões.
O Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis, chama à Terra nossa irmã e mãe. Como pode a Mãe Terra nutrir-nos se não a contemplarmos, aprendermos com ela e a amarmos? Ignorar a nossa interligação mina esta relação vital.

A nossa esperança: A criação encontrará paz quando a justiça for restaurada

«O direito habitará nestas terras, agora desertas, e a justiça reinará no futuro pomar» (Isaías 32, 16).
Há esperança para uma Terra pacífica. Biblicamente, a esperança é ativa - envolve oração, ação e reconciliação com a Criação e o Criador através do arrependimento (metanoia) e da solidariedade. O Rev. Jerry Pilay, do Conselho Mundial de Igrejas, afirmou: «O mundo está em crise e o nosso ministério e serviço são cada vez mais necessários à medida que procuramos a justiça, a unidade, a paz e a reconciliação».
Isaías 32, 14-18 prevê uma Criação pacífica onde o povo de Deus vive apenas quando a justiça é alcançada. A justiça conduz à paz e restaura a fertilidade da terra: «A justiça produzirá a paz, e daí resultará para sempre tranquilidade e segurança. O meu povo habitará num oásis de paz, em moradas tranquilas e em lugares sossegados» (Isaías 32, 17-18).
A criação é um dom sagrado de Deus, confiado aos cristãos para que a protejam em paz e a transmitam às gerações futuras. A sua interligação torna a paz simultaneamente essencial e delicada» (Isaías 32, 17-18).
O Génesis revela a intenção original de Deus para uma relação harmoniosa entre os seres humanos e a Criação não humana.
O Papa Francisco desafia-nos: «Qual é o objetivo do nosso trabalho? Que necessidade tem a terra de nós? Deixar um planeta habitável às gerações futuras depende de nós» (Laudato Si', 160).
As Igrejas empenham-se globalmente em esforços em favor do clima, da agricultura e da biodiversidade, com base na teologia e num apelo profético ao arrependimento e à justiça. Só através da reconciliação uns com os outros e com o Criador - e da justiça genuína para todos os seres vivos - é que a Criação encontrará a paz, cumprindo a visão de Isaías (32, 16-18).

Um Momento Kairos: 1700 anos do Credo niceno

«Cremos num só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. E no Senhor Jesus Cristo, por quem todas as coisas foram feitas. Cremos no Espírito Santo, o Senhor, que dá a vida» (Credo niceno*).
O ano de 2025 assinala o 1700º aniversário do Credo de Niceia.
Desde 325, os cristãos de todo o mundo têm seguido o apelo de Niceia a confessar a sua comunhão na fé e a testemunhar a sua fé no contexto de um mundo conturbado, desigual e dividido. O Credo de Niceia tornou-se um vínculo de paz e comunhão entre as igrejas. O nosso trabalho pela paz com a Criação pode apoiar-se nesta antiga e forte comunhão ecuménica. É uma expressão do Credo de Niceia hoje.
O Credo de Niceia afirma que os cristãos acreditam no Deus trino, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Como cristãos, lemos Isaías 32, 14-18 com base na nossa fé no Deus trino: Reconhecemos o Espírito Santo no espírito de cura que Isaías prevê que seja derramado no deserto. Reconhecemos a obra de justificação do Filho no testemunho de Isaías da promessa de Deus de que «O direito habitará nestas terras, agora desertas, e a justiça reinará no futuro pomar» (Isaías 32, 16).
No nosso mundo conturbado, desigual e dividido, somos fortalecidos pela confissão de fé e pela comunhão ecuménica estabelecida em Niceia a seguir o apelo de Isaías e permanecer firmes no nosso testemunho da promessa de paz de Deus para toda a Criação. Por isso, perante os conflitos e as lutas, proclamemos a promessa de Deus: «A justiça produzirá a paz, e daí resultará para sempre tranquilidade e segurança» (Isaías 32, 17).

*NB: Foi utilizada na citação a versão do Credo atualizada em 381, conhecida como “Credo niceno-constantinopolitano”.

Um apelo à ação: «A justiça produzirá a paz»

Deus chama-nos a ser pacificadores (Mateus 5, 9). Somos chamados a viver em paz, a adorar o Criador e a trabalhar por uma comunidade justa e sustentável que se alinhe com os planos eternos de Deus. Como colaboradores do Criador, temos de encarnar a paz com toda a Criação.
  • «O meu povo habitará num oásis de paz» (v. 18). A paz de Deus é incondicional, enraizada na justiça e na retidão para todas as pessoas e para a Criação. A paz não pode existir apenas para alguns.
  • «Em moradas tranquilas e em lugares sossegados» (v. 18). Deus declarou “boa” toda a Criação. Apesar dos danos causados pelo pecado (Génesis 3, 17-19), a biodiversidade reflete generosidade e abundância. Através de Cristo, Deus tornou-se humano, chamando-nos a aprender com a Criação, a respeitá-la e a protegê-la.
  • «A cidade tumultuosa, deserta» (v. 14). Rezemos e respondamos aos gritos das comunidades que perdem terras e meios de subsistência devido à guerra, às alterações climáticas ou à usurpação de terras, e das que são sobrecarregadas por práticas insustentáveis ou por dívidas.
  • «Até que, do alto, Deus nos dê novo alento» (v. 15). O Espírito guia-nos para a conversão ecológica e para uma compreensão mais profunda da nossa família cósmica. Temos de mudar as nossas mentalidades, abraçar a justiça e ensinar estes valores às gerações futuras.
  • A paz com a Criação exige passos proativos. Jesus ensinou o arrependimento e a justiça reparadora. Temos de reparar as relações quebradas: entre os seres humanos e a Terra, os seres humanos e as outras criaturas, e os seres humanos e Deus.
  • «A justiça produzirá a paz» (v. 17). Embora os desafios possam parecer esmagadores, Cristo recorda-nos: «Com Deus tudo é possível» (Mateus 19, 26). A esperança alimenta a ação; através da oração, do discernimento e do empenho, podemos criar uma base para a mudança.
  • A paz de Deus emerge quando trabalhamos pela justiça, a solidariedade, a reconciliação e a harmonia com a Criação. A transformação requer paciência, compreensão e confiança.
  • A ação pode incluir a defesa de causas, projetos de sustentabilidade, campanhas de limpeza ou educação para mostrar que cuidar da Criação é fundamental para a nossa fé. Temos de colaborar e basear-nos diversidade para alcançar a paz.
  • «O deserto converter-se-á em pomar» (v. 15). Os processos de paz, como a reflorestação, a limpeza de rios ou a construção de poços, podem unir até grupos divididos.
Que o Espírito seja derramado sobre nós para que possamos trabalhar juntos pela paz com a Criação.

Símbolo do Tempo da Criação de 2025



O símbolo de 2025 é inspirado em Isaías 32, 14-18. Intitulado «Jardim da Paz», retrata uma pomba branca a voar sobre uma árvore. O lado esquerdo da árvore está árido, com raízes a penetrar no solo seco, rodeado por uma paisagem árida e desolada. Em contraste, o lado direito da árvore é exuberante e verde, erguendo-se no meio de uma paisagem florescente. A pomba, carregando um ramo de oliveira no bico, voa para a direita, simbolizando a paz como uma transição de uma terra devastada pela guerra e excessivamente explorada para uma terra fértil, próspera e hospitaleira.
Lembremo-nos que a humanidade foi originalmente chamada a cuidar de um jardim. No curso do Tempo da Criação deste ano, refletiremos sobre a conexão entre cuidar da criação e promover a paz. A pomba branca com um ramo de oliveira é um símbolo de paz reconhecido mundialmente. Na história de Noé, também significa uma nova vida após a destruição.
Nota: Este logótipo não pretende diminuir o valor único dos ecossistemas do deserto e das suas criaturas, que também fazem parte da criação de Deus. Além disso, o deserto tem um papel significativo na Bíblia.

Oração do Tempo da Criação 2025


Criador de tudo,
Nós Te louvamos pelo dom da vida
e pela fé que nos une no cuidado da nossa casa comum.
Confessamos que nos afastamos uns dos outros,
da tua Criação e do nosso verdadeiro eu.
Reconhecemos que a nossa ganância e os nossos impulsos destrutivos
fraturaram as nossas relações contigo, com os outros e com a Terra.
Os campos férteis tornaram-se áridos,
as florestas estão desoladas,
os oceanos e os rios estão poluídos.
Comunidades prósperas tornaram-se lugares de sofrimento,
e a terra clama.

Amado Cristo,
que disseste "shalom" aos corações assustados,
estimula-nos a uma ação compassiva.
Inspira-nos a trabalhar pelo fim dos conflitos
e pela restauração total das relações quebradas
- contigo, com a comunidade ecuménica,
com a família humana
e com toda a Criação.

 Príncipe da Paz,
através das tuas feridas,
ensina-nos a ser solidários com os feridos,
com a Criação e com o mundo.
Através da tua ressurreição,
faz de nós pessoas de esperança
- com uma visão de espadas transformadas em arados
e lágrimas transformadas em alegria.
Que possamos unir-nos como uma família,
para trabalhar pela tua paz
- um "shalom" onde todo o teu povo possa viver em segurança
e descansar em lugares tranquilos.
Amém.

18/06/2025

CCC: «"Nós cremos"»: As Igrejas cristãs no Porto no 17º centenário do I Concílio de Niceia»

Decorreu a 17 de junho, por videoconferência, a última sessão do ciclo Peregrinos de esperança, organizado pelo Centro de Cultura Católica do Porto e pelo diaconado permanente em conjugação com alguns secretariados e organismos eclesiais. Esta sessão, coordenada pela Comissão Ecuménica do Porto, contou a intervenção do P. Maria Henrique Melo e pelo Rev.do Sérgio Alves, que integram a referida Comissão respetivamente pela Igreja Católica Roma e pela Igreja Lusitana (Comunhão Anglicana). Ainda na referência à comemoração do I Concílio de Niceia, a sessão versou sobre o tema «Nós cremos»: As Igrejas cristãs no Porto no 17º centenário do I Concílio de Niceia.
Veja-se a notícia da sessão na página web do Centro de Cultura Católica.


17/06/2025

«Declaração da Conjunta sobre o Espírito Santo, a Igreja e o Mundo» da Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre a Federação Luterana Mundial e a Igreja Ortodoxa

Por ocasião do 1700º aniversário do Concílio de Niceia e como preparação para o Domingo de Pentecostes, a Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre a Federação Luterana Mundial e a Igreja Ortodoxa publicou a 6 de junho a Declaração da Conjunta sobre o Espírito Santo, a Igreja e o Mundo. O texto, resultante dos trabalhos da Comissão iniciados em 2019 em Tirana (Albânia) e concluídos em 2024 no Cairo (Egito), é composto por cinco capítulos e algumas recomendações.
Os títulos dos capítulos são: O Espírito Santo na criação; o Espírito Santo na economia da salvação e na proclamação do Evangelho; o Espírito Santo no mundo; o Espírito Santo, a liturgia e a Igreja; epiclese (invocação do Espírito) na vida da Igreja e para além da liturgia eucarística.
As recomendações finais são cinco e referem o seguinte:

«1. Porque a epiclese sublinha o papel essencial do Espírito Santo na consagração dos elementos eucarísticos, na santificação da comunidade eucarística e na atração dos participantes para a vida divina, a nossa comissão exorta as igrejas luteranas que não introduziram a epiclese nas suas liturgias eucarísticas a fazê-lo, e as que tornaram a epiclese facultativa a começarem a usá-la mais regularmente.
2. Porque é importante que os crentes aprendam e compreendam mais claramente o papel do Espírito Santo na Eucaristia, a nossa comissão apela às igrejas ortodoxas que pronunciam a epiclese em silêncio que considerem dizê-la em voz alta para a edificação dos leigos.
3. À luz das afirmações anteriores, as nossas igrejas e os nossos professores podem também considerar como se pode desenvolver uma eclesiologia eucarística e epiclética que facilite o entendimento entre luteranos e ortodoxos.
4. Festa da Criação: Enquanto as comunhões mundiais consideram a possibilidade de estabelecer uma Festa da Criação celebrada ecumenicamente, apelamos às nossas igrejas para que aprofundem a ligação entre a criação e a nossa fé trinitária.
5. A Comissão mista internacional luterano-ortodoxa recomenda que todas as igrejas luteranas que ainda não o fazem comecem a usar traduções do Símbolo de Niceia baseadas no texto original grego, sem o Filioque».

Veja-se o documento em inglês, alemão, espanhol e francês.

16/06/2025

Celebração entre igrejas cristãs recordou a realização do primeiro concílio ecuménico e os desafios que hoje coloca

Foto: COPIC
O Conselho Português das Igrejas Cristãs (COPIC) e a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) promoveram este sábado [14/6/2025] uma celebração ecuménica nacional para assinalar os 1700 do primeiro Concílio de Niceia, que convoca para uma «Igreja indivisa» e «revigora o compromisso ecuménico».
«Niceia hoje vale para nós porque definiu aquilo que é essencial, a fé num Deus que é trino, Pai, Filho e Espírito Santo, deixando também espaço para outras vivências da fé, não uniformizando», afirmou D. Jorge Pina Cabral, bispo da Igreja Anglicana, em declarações à Agência ECCLESIA.
D. Pina Cabral, que preside ao COPIC, recordou que «Niceia era a Igreja indivisa» e foi um «um concílio universal», constituindo um desafio à unidade «naquilo que é essencial».
«Para nós é como que um sinal e um desafio às várias tradições de sermos capazes, como os bispos foram naquela altura, de nos juntarmos novamente para reafirmar a nossa fé naquilo que é essencial, respeitando a diversidade das tradições», indicou.
«Niceia revigora o compromisso ecuménico para nós hoje».
O bispo da Igreja Anglicana lembrou que o encontro entre igrejas cristãs, como o que aconteceu na celebração ecuménica que decorreu na Catedral Lusitana de S. Paulo, este sábado, é um sinal da «reflexão na ação» e de um caminho conjunto «no Espírito Santo».
«Ao celebrarmos o aniversário do primeiro Concílio de Niceia, nós celebramos a mesma fé em Jesus Cristo e esta celebração também nos aproxima, une-nos e compromete-nos. Não poderíamos deixar passar este ano sem nos reunirmos para celebrar este aniversário», afirmou D. Jorge Pina Cabral.
O bispo da Igreja Lusitana de Comunhão Anglicana presidiu à celebração, onde o patriarca de Lisboa fez uma reflexão sobre a «dimensão ecuménica deste aniversário e seu contributo para a unidade visível dos cristãos», indica um comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
Na homilia, D. Rui Valério afirmou que a celebração ecuménica que assinala os 1700 anos do Concílio de Niceia é um «momento de alegria e de esperança» e, no ambiente da Catedral Lusitana de S. Paulo, um «cenáculo» é sinal de que a comunidade está a «aderir a um projeto maior, a um projeto de dignidade, a um projeto de paz».
Para o padre Peter Stilwell, diretor do Departamento das Relações Ecuménicas e do Diálogo Inter-Religioso, no Patriarcado de Lisboa, a celebração ecuménica foi uma ocasião para fortalecer a consciência de que, «apesar das divisões que ao longo dos séculos se foram multiplicando», os cristãos estão «unidos no essencial» e que o mundo «está realmente carenciado da Boa Nova» que testemunham.
«Um mandato que todos nós temos, apesar dos nossos talentos diferentes, é uma capacidade de reconciliação, de perdão, de entendimento, de construção da paz. Juntando os nossos talentos diferentes podemos colaborar nessa resposta ao mundo», afirmou o padre Peter Stilwell.
No fim da celebração, o bispo da Igreja Anglicana lembrou à Agência ECCLESIA o caminho conjunto entre o Conselho Português das Igrejas Cristãs e a Conferência Episcopal Portuguesa, nomeadamente o «reconhecimento mútuo do batismo, a celebração de uma mesma fé, o compromisso para com a criação, o compromisso para com os migrantes», lembrando que falta o «passo» para a «mesma mesa eucarística».
«Falta ainda o abeirarmos a mesma mesa eucarística. E esse é verdadeiramente um passo que as igrejas têm que dar para sermos ainda mais sinal para o mundo», afirmou.
O Concílio de Niceia teve a missão de preservar a unidade da Igreja, perante correntes teológicas que negavam a plena divindade de Jesus Cristo e a sua igualdade com o Pai, reunindo cerca de 300 bispos, convocados pelo imperador Constantino, a 20 de maio do ano 325.
Os participantes acabaram por definir o «Símbolo de fé», o Credo, que ainda hoje se professa nas celebrações eucarísticas dominicais.

Ecclesia (15 Junho, 2025).

14/06/2025

«Nós cremos»: As Igrejas cristãs no Porto no 17º centenário do I Concílio de Niceia

Divulga-se a sessão «“Nós cremos”: As Igrejas cristãs no Porto no 17º centenário do I Concílio de Niceia», coordenada pela Comissão Ecuménica do Porto, na conclusão do ciclo «Peregrinos de esperança», organizado pelo Centro de Cultura Católica do Porto e pelo Diaconado Portucalense, em colaboração com diversos organismos eclesiais, no contexto do 17º Centenário do I Concílio de Niceia (325).Na sessão anterior foi abordado o referido Concílio, no seu contexto histórico, na evolução na práxis sinodal na época antiga e na profissão fé que nos legou. Na próxima sessão, evoca-se o aniversário de Niceia, na sua relevância para as várias Igrejas cristã e no quadro do movimento ecuménico contemporâneo, também no Porto.
A sessão realiza-se no dia 17 de junho de 2025, terça-feira, às 21 horas, em sala virtual da plataforma Zoom, cuja coordenadas de ingresso se podem pedir para ccc@diocese-porto.pt.

07/06/2025

Viver juntos a fé apostólica hoje: comemoração do 1700.º aniversário do primeiro Concílio Ecuménico de Niceia (325-2025)

Publica-se o comunicado de divulgação da celebração ecuménica promovida pela Conferência Episcopal Portuguesa e pelo Conselho Português das Igrejas Cristãs por ocasião do 17º centenário do I Concílio de Niceia.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e o Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC) promovem uma celebração ecuménica nacional, comemorativa do aniversário do Concílio Ecuménico de Niceia. Simbolicamente a celebração ocorrerá no sábado dia 14 de junho, véspera do Domingo da Santíssima Trindade, no qual as Igrejas celebram a doutrina da Trindade expressa no Credo. Terá lugar na Catedral Lusitana de S. Paulo à Rua das Janelas Verdes em Lisboa às 15h00 e estarão presentes representantes de diversas Igrejas e tradições cristãs presentes em Portugal e convidados oficiais.
A cerimónia é uma oportunidade de celebrar a fé comum dos cristãos conforme expressa no Credo formulado no Concílio de Niceia. A celebração desta herança compartilhada permite aprofundar a fé que une os cristãos em Jesus Cristo e reforçar o testemunho conjunto que visa a unidade visível entre os cristãos e o serviço à sociedade. O Sr. Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, apresentará uma reflexão sobre a dimensão ecuménica deste aniversário e seu contributo para a unidade visível dos cristãos.
A liturgia da celebração oferecerá orações de intercessão, baseadas em escritos patrísticos dos séculos II a VIII, que são em si um chamado para um crescimento na fé no testemunho de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo no mundo atual. Serão lidos textos da Sagrada Escritura, proclamada a fé uma vez dada aos santos contida no Credo de Niceia e o Pai nosso será recitado em conjunto.
Todos são bem-vindos e convidados a participar num mesmo espírito fraterno de oração e ação de graças ao Deus Uno e Trino fonte de comunhão e de amor.

Lisboa, 3 de junho de 2025.


12/05/2025

Juntos pela Europa na Igreja de Cedofeita

Na sexta-feira, 9 de maio de 2025, a Igreja de Cedofeita acolheu um momento de oração ecuménico no âmbito da iniciativa Juntos pela Europa, que reuniu cristãos da cidade do Porto, juntamente com representantes de diferentes Igrejas, Movimentos e Comunidades.
Num ambiente de profunda espiritualidade, invocou-se a Paz, a Luz e a Coragem , com um desejo comum: que todos os homens e mulheres de boa vontade se tornem verdadeiros construtores de pontes entre os povos .
Foi um encontro simples, mas profundamente significativo. Num clima de fraternidade e recolhimento, elevou-se uma oração comum pela Europa e pela paz no mundo . Durante a celebração, foi realizado um gesto simbólico: um disco foi suspenso para cada país indicado na oração, num sinal de compromisso espiritual e solidariedade com essas nações. Um ritual pequeno, mas cheio de esperança, que ganhou força à medida que a lista de países crescia.
A oração começou com um canto da Igreja Ortodoxa Russa e terminou com a delicadeza de um coral infantil da Igreja Ortodoxa Ucraniana – uma expressão tocante de reconciliação e unidade.
Este momento deixou marcas nos corações de todos os participantes . Recordou-nos que uma oração partilhada pode ser o primeiro passo para um mundo mais justo, fraterno e pacífico.
Juntos pela Europa é uma rede de mais de 300 Comunidades e Movimentos cristãos de diversas Igrejas por toda a Europa. Unidos pelos carismas e dons recebidos de Deus, percorrendo o caminho da comunhão e da fraternidade, sinal da vocação da Europa à unidade.